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R7 Brasília

‘Muitas dúvidas ainda nos restam’, diz porta-voz do Cenipa sobre queda de avião

Centro de investigação divulgou relatório preliminar nesta sexta; acidente aéreo deixou 62 mortos

Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília

62 pessoas morreram no acidente Divulgação/FAB - Arquivo

O tenente-coronal aviador Carlos Henrique Baldin disse, durante apresentação do relatório preliminar do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) nesta sexta-feira (6), que “muitas dúvidas ainda nos restam” e que faltam informações para explicar o acidente. Em 9 de agosto, uma aeronave da Voepass caiu em Vinhedo (SP) e deixou 62 mortos.

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Segundo a investigação do Cenipa, o avião tinha certificados atualizados de voo em condições de gelo e a tripulação era treinada e qualificada para voar naquelas situações. Informes meteorológicos sobre as condições climáticas foram disponibilizados antes da decolagem.

Para Baldin, considerando que os requisitos de voo foram cumpridos, ainda é preciso levantar informações para entender a causa do acidente, que “não deveria ter acontecido, não nas condições que a aeronave estava voando e que ela estava sendo operada”. “A partir do momento que ela possui um sistema de proteção e possuia precedimentos a serem executados para evitar aquela condição, aquela atitude anormal que todos nós vimos”, completa.

Segundo representantes do Cenipa, o relatório de investigação do órgão não tem caráter punitivo e busca “entregar segurança no transporte aéreo da sociedade”. “Sabemos que nenhuma explicação ou detalhe técnico preencherá o vazio deixado, mas estamos empenhados em divulgar com a máxima transparência e máxima imparcialidade as informações que constam nesse reporte preliminar”, declara. O relatório foi apresentado aos familiares das vítimas antes da imprensa.


O Cenipa afirma que, no dia do acidente, “havia muita umidade combinada com temperatura do ar abaixo de 0°C, o que favoreceu a ocorrência de Formação de Gelo em Aeronave (FGA) severa, desde o centro-norte do Paraná (PR) até São Paulo (SP)”.

“Novos dados estão em processo de coleta para posterior validação, a fim de fundamentar as análises, de modo a garantir a precisão e a confiabilidade das conclusões que serão apresentadas no Relatório Final”, pontua o Tenente-Coronel Fróes.


Caixas-pretas

No caso do acidente de Vinhedo (SP), duas caixas-pretas foram recuperadas pelo Cenipa, que conseguiu extrair os dados do voo e a gravação das conversas dentro da cabine do avião. Além dos gravadores, os motores do avião foram recuperados para tentar determinar a causa do acidente.

Caixa-preta é o nome popular do sistema de registro de voz e dados existentes em aviões. Ele é formado por dois sistemas distintos e independentes. O primeiro, chamado de CVR (Cockpit Voice Recorder, em tradução livre), é responsável por armazenar o som ambiente das cabines de comando.


A outra parte, chamada de FDR (Flight Data Recorder), guarda dados como velocidade, aceleração, altitude, entre outros. Por isso, o sistema é formado por dois equipamentos.

Extração dos dados

Durante a investigação dos dados coletados nas caixas-pretas, os equipamentos passam primeiro pela oficina de extração, onde as placas de memória são removidas e verificadas. Além disso, realiza-se a verificação dos componentes.

Os analistas de dados da FAB explicam que o processo exige muita atenção para que as placas não sejam danificadas ainda mais. Por isso, eles utilizam microscópios, que permitem a observação das placas de vários ângulos, além de luvas e jalecos.

Caso a caixa-preta tenha sido recuperada da água, o processo deve ser adaptado. Segundo os analistas, o processo de oxidação se inicia no momento exato em que o equipamento é retirado da água. Portanto, é necessário o uso de fornos específicos para tratar o equipamento.

Digitalização

Os dados são recuperados eletronicamente, o que permite o acesso aos sons da cabine, às comunicações dos pilotos e à leitura de centenas de parâmetros de voo, como altitude, velocidade e trajetória.

“Trabalhamos incansavelmente para entregar aos investigadores o máximo de informações oriundas dos dados obtidos, as quais exigem um processo meticuloso de análise e, assim, em tempo hábil, colaboram para a excelência dos resultados, contribuindo para o aprimoramento da aviação”, destacou o chefe do Labdata (Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo), coronel aviador Sidnei Velloso da Silva Junior.


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