Mulher diz em depoimento à Polícia Federal ter sido assediada por Silvio Almeida
Suposta vítima de ex-ministro foi ouvida pela PF na terça-feira; corporação deve enviar investigação ao STF
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília, e Natália Martins, da RECORD
A Polícia Federal ouviu na terça-feira (10) uma mulher que disse ter sido vítima de importunação sexual do ex-ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Silvio Almeida. A informação foi confirmada ao R7 e à RECORD por fontes da corporação. A partir desse depoimento, a PF deve pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) a instauração de um inquérito contra Almeida.
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As denúncias de assédio sexual por parte do ex-ministro foram reveladas na última quinta-feira (5), quando a organização “Me Too Brasil”, que atua na defesa de mulheres que foram vítimas de violência sexual, informou ter sido procurada por supostas vítimas de Almeida. O movimento diz oferecer “suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder do acusado”.
Uma das pessoas que teria sofrido com a importunação sexual foi a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que comunicou a integrantes do governo ter sido assediada pelo ex-colega.
Anielle se manifestou publicamente sobre o caso e pediu respeito à privacidade dela e disse que vai contribuir com as apurações sobre as denúncias de assédio sexual sempre que acionada.
Almeida foi demitido do cargo na última sexta-feira (6). Para o lugar dele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu a deputada estadual de Minas Gerais Macaé Evaristo.
O que diz o ex-ministro
No dia em que as denúncias de assédio foram reveladas, Almeida gravou um vídeo negando as acusações. “Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, disse.
Na sexa-feira, os advogados dele declararam que Almeida “não realizará qualquer ação de silenciamento e invisibilização de vítimas de violência, tampouco irá se desincumbir dos compromissos assumidos por toda a vida, de defesa irrestrita aos direitos humanos”.
A defesa também afirmou que Almeida vai fazer o que for necessário para “fortalecer os dispositivos de proteção e acolhimento à mulher e defendeu transparência nas apurações, sem interferências”.