'Não houve envolvimento direto das Forças Armadas', diz ministro da Defesa sobre invasão em Brasília
José Múcio Monteiro afirmou nesta sexta-feira (20), porém, que se houve o militar 'vai responder como cidadão'
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que na reunião dos militares com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desta sexta-feira (20) não foi tratada a invasão de extremistas nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro. O titular disse, ainda, que não houve envolvimento dos militares nos atos antidemocráticos.
"Não foi discutido, porque isso está com a Justiça. Estamos atrás ou aguardando as comprovações para que as providências sejam e serão tomadas", respondeu Múcio ao ser questionado se, durante a reunião, foi discutida a participação de militares na invasão.
"Os militares estão cientes e concordam que vamos tomar as providências. Evidentemente que no calor da emoção precisamos ter cuidado para que esse julgamento, essas acusações, sejam justas. Tudo será providenciado em seu tempo", completou.
Múcio também foi questionado sobre a possibilidade de ter havido ou não a participação de militares na invasão dos Três Poderes. "Eu entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas. Agora, se algum elemento individualmente teve participação, vai responder como cidadão."
A reunião de Lula com os militares ocorreu no Palácio do Planalto. Estiveram presentes o general Júlio Cesar de Arruda (Exército), o almirante Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica). O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, também participou do encontro, além de outros quatro empresários.
Leia mais: PF prende quatro envolvidos nos atos de vandalismo; saiba quem são
"Foi para tratar dos investimentos da indústria de defesa no Brasil. Se me perguntarem se tratamos do dia 8, não tratamos. Isso está com a Justiça. Nós tratamos da capacidade de geração de emprego que o Brasil tem na indústria de defesa", explicou Múcio.
Invasão em Brasília
Extremistas que não aceitam a vitória de Lula nas eleições de 2022 invadiram os prédios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto em 8 de janeiro. Diante do cenário, o presidente decretou intervenção federal na segurança pública do Governo do Distrito Federal até 31 de janeiro — Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, foi escolhido para ser o interventor.
Até o momento, cerca de 1.500 pessoas foram presas pelos atos antidemocráticos. Destas, 1.028 já foram transferidas para presídios no Distrito Federal. Por questões humanitárias, 599 pessoas foram liberadas — entre elas, idosos, pessoas em situação de rua, mães acompanhadas de crianças e portadores de problemas de saúde.