‘Não justifica efeito adverso’, diz Bolsonaro sobre vacinação infantil
Presidente minimizou mortes de crianças por Covid-19 e levantou suspeitas sobre a segurança de imunizante da Pfizer
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre a segurança da vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra a Covid-19, nesta quarta-feira (12). O chefe do Executivo federal minimizou o número de mortes nessa faixa etária e comentou que a vacinação não justifica os "efeitos colaterais".
“Podem ser 300 crianças (mortas vítimas da Covid-19), lamento cada morte, mas não justifica a vacinação por efeitos colaterais adversos”, comentou o presidente. “Não se deve jogar na loteria R$ 10,00 para ganhar R$ 2,00. Isso que está acontecendo no Brasil”, completou, em entrevista ao site Gazeta do Brasil.
Sem apresentar dados, o presidente disse que hospitais registraram casos de crianças com traumatismo craniano como sendo Covid-19, levantando suspeita em relação às estatísticas sobre as mortes causadas pelo vírus.
"Quantas pessoas de 5 a 11 anos morreram de Covid? Quase zero, número bastante pequeno. E esse número bastante pequeno tinha o fato da criança estar com comorbidades, e ainda acontecia de chegar com traumatismo craniano no hospital e quase instantaneamente colocava como Covid-19 também, porque, em alguns estados, o respectivo governador, ao invés de ganhar R$ 1 mil por uma UTI comum, ganhava R$ 2 mil por uma UTI Covid. Isso aconteceu em nosso país", disse.
No Brasil, 324 crianças morreram em decorrência da doença entre março de 2020 e janeiro de 2022, o que, em 21 meses de pandemia, significa 14 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Os dados constam do Portal da Transparência do Registro Civil.
Na entrevista, Bolsonaro disse que cobrou do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a divulgação de dados sobre pessoas que morreram por reações adversas no Brasil após a aplicação da vacina. “Quantas notícias estamos vendo de pessoas que morreram por outras causas?”, questionou o presidente.
O presidente falou ainda sobre possíveis efeitos colaterais da vacina. “A Pfizer diz que não se responsabiliza por possíveis efeitos, então é uma grande incógnita essa questão da vacinação [de crianças]”, finalizou o presidente.
A imunização de crianças de 5 a 11 anos só foi incluída no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 no dia 5 de janeiro, cerca de um ano após o início das aplicações da vacina em adultos no país.