Obras em presídio federal de Mossoró teriam facilitado fuga de detentos, suspeita secretaria
Havia ferramentas nos fundos do presídio; Senappen trabalha com suspeita de cooptação de servidores na ação dos criminosos
Brasília|Natália Martins, da RECORD
A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, investiga a hipótese de uma obra na prisão de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, ter facilitado a fuga dos dois presos do local, na manhã desta quarta-feira (14). O dado foi apresentado à RECORD por fontes do ministério.
Segundo o órgão, havia ferramentas disponíveis nos fundos do presídio. A Senappen trabalha com a suspeita de cooptação de servidores na ação dos criminosos. Os dois detentos estavam sob regime disciplinar diferenciado (RDD), com regras mais rígidas do que as do regime fechado, com impedimento de banho de sol, por exemplo.
Os dois fugitivos vão ser incluídos na lista de difusão laranja da Interpol, informaram fontes da Polícia Federal à reportagem. Com isso, alertas sobre Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça serão comunicados a todos os 196 países membros da instituição, com dados como fotos e biometria. Assim, as nações podem monitorar, com mais eficácia, os postos de controle migratório.
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Os fugitivos são faccionados do Comando Vermelho do Acre e estavam presos em Mossoró desde a participação em uma rebelião no estado de origem, em julho de 2023. Esta é a primeira vez na história que uma carceragem federal registra fuga.
Entenda
A fuga ocorreu entre 3h e 4h da manhã, e logo nas primeiras horas do dia as polícias do Rio Grande do Norte e do Distrito Federal estavam acionadas para uma megaoperação de recaptura. Um avião da Polícia Federal saiu de Brasília com integrantes do alto escalão do Ministério da Justiça e Segurança Pública para compor um gabinete de crise, já instalado em Mossoró.
A Polícia Rodoviária Federal também enviou reforços. Além dos servidores que já atuam no estado, foi enviada uma aeronave com mais agentes saindo de Recife (PE).
Segundo fontes do sistema penitenciário, eles não são líderes com alto poder aquisitivo e são criminosos do front, que têm, nas palavras dos interlocutores, "muita disposição" física e de estratégia. Por conta dessas características, o foco da força-tarefa é prendê-los nas primeiras 72 horas da fuga.