OCDE: Bolsonaro critica França e afirma que há disputa comercial
Em entrevista exclusiva à Record TV, o presidente disse que o país europeu 'tem muito a aprender' com o Brasil
Brasília|Thiago Nolasco, da Record TV, e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Após a França afirmar que não vai aprovar o Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sem ações concretas na área ambiental, o presidente Jair Bolsonaro criticou o governo comandando por Emmanuel Macron. Bolsonaro disse que avalia a situação como "disputa comercial" e que o país europeu "tem muito a aprender com o Brasil."
"Nós preservamos pouco mais de 50% do nosso território. Eu perguntaria quanto que a França preserva. Aqui temos mata ciliar, lá, não. Aqui tem reservas ambientais. Ou seja, na verdade, a França concorre um pouco com commodities que se produzem no campo. Seria muito bom se a França seguisse o nosso exemplo na questão ambiental", disse Bolsonaro em entrevista exclusiva à Record TV nesta segunda-feira (31).
Questionado se as críticas possuem conotação de disputa comercial, Bolsonaro disse que sim. "Totalmente. Então, se a França prosseguir nessa entoada, ficará isolada, porque outros países precisam cada vez mais ter comércio com o Brasil."
Recentemente, o Ministério de Negócios Estrangeiros da França condicionou a entrada do Brasil e de outros cinco países na OCDE ao cumprimento de uma série de medidas, inclusive na agenda climática.
Em nota, o governo francês de Emmanuel Macron disse que exigirá "progressos sérios, concretos e mensuráveis", como "a luta contra o desmatamento e as alterações climáticas, na proteção da biodiversidade".
Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a dizer que a propagação de fogo dentro das florestas brasileiras não é possível. "Floresta úmida não pega fogo. O que pega é o entorno e quase sempre no mesmo local", afirmou.
O mandatário contou ainda que deve aprovar, neste ano, uma lei que trata da regularização fundiária. Segundo Bolsonaro, a proposta prevê vinculação de CPF a terras, o que permitiria a identificação do dono do local que esteja queimando.
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"A região amazônica equivale à Europa Ocidental. É uma área enorme e praticamente toda preservada. Existem, sim, alguns que teimam e partem para a queimada ilegal, mas, com a lei da regularização fundiária, mais facilmente teremos como atingi-los com as devidas punições", destacou.
O chefe do Executivo comemorou a carta-convite feita pela OCDE ao Brasil e outros cinco países (Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia) para dar entrada na entidade, chamada de "clube dos países ricos".
"É um selo de qualidade, onde tem acesso a empréstimos, outros mercados, de forma menos traumática e mais rápida. Cada vez mais, estamos superando nessas questões que estão em conformidade com países desenvolvidos", destacou. Segundo Bolsonaro, o país "tem tudo para daqui três, quatro anos ser aceito na OCDE".
Para ser aceito na organização, o país deve cumprir diversos requisitos. "Estamos nos adequando, exige um cronograma, mas existe já a determinação da OCDE, e agora só depende de nos adequarmos", complementou o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que também participou da entrevista.
Reajuste salarial
Na entrevista, Bolsonaro confirmou ainda reajuste salarial para 'percentual razoável de servidores'. Veja: