Partido de Bolsonaro apresenta ao TSE empresa que contratou para auditar eleições
A companhia, Instituto Voto Legal, é sediada em São Paulo e é dirigida pelo engenheiro Carlos Rocha
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O Partido Liberal, legenda do presidente Jair Bolsonaro, apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a empresa contratada pela sigla para auditar as eleições presidenciais deste ano. A companhia, Instituto Voto Legal, é sediada em São Paulo e é dirigida pelo engenheiro Carlos Rocha.
O ofício enviado ao TSE, ao qual a reportagem teve acesso, diz que a empresa liderou as equipes que desenvolveram e fabricaram as urnas eletrônicas utilizadas nas eleições de 1996.
Já em 2016, na gestão de Gilmar Mendes à frente do TSE, a empresa conta que foi convidada para apresentar recomendações técnicas para o desenvolvimento de uma nova urna eletrônica, com a impressão do voto, para atender à legislação aprovada pelo Congresso Nacional em 2015.
"A nossa equipe se diferencia pela utilização de metodologias de última geração combinadas com profundo conhecimento de como a tecnologia traz governança, transparência e segurança aos sistemas de informação, acumulado em décadas de experiência de sucesso em grandes empresas", destaca.
O anúncio de que o PL iria contratar uma empresa para auditar o pleito eleitoral foi feito pelo próprio presidente Bolsonaro no início de maio. Na ocasião, o chefe do Executivo afirmou que a decisão é um direito da legenda, visto que a legislação permite que os partidos que participarão da eleição constituam sistema próprio de fiscalização, apuração e totalização dos resultados.
De acordo com a lei eleitoral, as empresas contratadas receberão previamente os programas de computador e os mesmos dados alimentadores do sistema oficial de apuração e totalização. Bolsonaro argumenta que o objetivo, por trás da contratação, é garantir a segurança e a inviolabilidade das urnas eletrônicas.
"Essa auditoria não vai ser feita após as eleições. Uma vez contratada, a empresa já começa a trabalhar. E aí, o que pode acontecer? Não estou dizendo que vai acontecer, mas pode acontecer. Pode, em poucas semanas de trabalho, essa empresa chegar à conclusão que, antes das eleições, daqui 30 ou 40 dias, dada a documentação que tem na mão, ela pode falar que é impossível auditar e não aceitar fazer o trabalho. Olha a que ponto nós vamos chegar", disse o presidente.
Bolsonaro afirmou que quer "eleições livres de qualquer suspeita de ingerência externa" e que a auditoria a ser realizada pela empresa pode ajudar o TSE. "As eleições têm que ser realizadas sem qualquer sombra de dúvida. Esse é o momento para o TSE, com toda a certeza, mostrar para o mundo, através dessa empresa de auditoria, que nós temos o sistema mais confiável do mundo."
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O advogado da campanha pela reeleição de Bolsonaro, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, afirmou que a contratação de uma empresa para realizar auditoria nas eleições deste ano fortalece a transparência do pleito. "Seria, inclusive, uma proposta convergente a política adotada pelo tribunal de deixar as coisas muito claras e transparentes", disse ao R7.
Questionado se a declaração presidencial pode ser vista como uma afronta ao TSE, com o qual Bolsonaro tem se indisposto fazendo as críticas ao sistema eleitoral brasileiro, o advogado respondeu que não. "Na minha visão, é uma proposta conciliadora. O tribunal estimula esse tipo de prática quando abre testes públicos, de segurança das urnas, do sistema. Seria uma maneira de transformar o controle, que é mais formal, em substancial", defende.