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PF envia à Interpol mandados de prisão de dois brasileiros ligados ao Hezbollah que estariam no Líbano

Ambos são suspeitos de planejar atos terroristas contra prédios da comunidade judaica no Brasil; outros dois foram presos em SP

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília, e Natália Martins, da Record

PF inseriu nomes no sistema da Interpol
PF inseriu nomes no sistema da Interpol

A Polícia Federal (PF) inseriu no sistema de difusão vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), nesta quarta-feira (8), mandados de prisão contra dois brasileiros que estariam no Líbano. Eles são suspeitos de participação no planejamento de atos terroristas contra prédios da comunidade judaica no Brasil organizados pelo Hezbollah. Entre os alvos estariam sinagogas e a Embaixada de Israel em Brasília, segundo fontes na corporação.

Com o movimento da PF que mira os dois brasileiros, caso haja uma tentativa de entrada em qualquer país integrante da Interpol, eles poderão ser presos. A operação busca aliciadores ligados ao grupo terrorista Hezbollah que recrutavam pessoas com passagem pela polícia para praticar ataques terroristas.

Outros dois brasileiros foram alvo de mandados de prisão temporária no Brasil. Também foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão com o objetivo de obter provas de um possível recrutamento de brasileiros para as ações extremistas no Brasil.

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De acordo com a PF, recrutadores e recrutados podem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terrorista e de realizar atos preparatórios de terrorismo. Juntas, as penas chegam a 15 anos e seis meses de reclusão.


"Os crimes previstos na Lei de Terrorismo são equiparados a hediondos, considerados inafiançáveis, insuscetíveis de graça, anistia ou indulto, e o cumprimento da pena para esses crimes se dá inicialmente em regime fechado, independentemente de trânsito em julgado da condenação", disse a Polícia Federal.

Comunidade judaica

Uma fonte ligada à diplomacia de Israel admitiu ao R7 haver o risco de a representação do país em Brasília ser um alvo em potencial no Brasil e afirmou que "o Hezbollah é uma organização terrorista cujo único objetivo é matar judeus e israelenses". Oficialmente, a Embaixada de Israel declarou não poder dar detalhes sobre o esquema de segurança em torno do prédio diplomático.

Após a operação da PF, a Confederação Israelita do Brasil manifestou "enorme preocupação com a prisão de terroristas no Brasil ligados ao grupo". Em nota, a entidade parabenizou as investigações e repudiou atos terroristas.

"O terrorismo, em todas as suas vertentes, deve ser combatido e repudiado por toda a sociedade brasileira. A Conib parabeniza a Polícia Federal, o Ministério Público e o Ministério da Justiça pela sua ação preventiva e reitera que os trágicos conflitos do Oriente Médio não podem ser importados ao nosso país, onde diferentes comunidades convivem de forma pacífica, harmoniosa e sem medo do terrorismo."

O Consulador-Geral de Israel cumprimentou as autoridades brasileiras pela operação e disse que a postura de países latino-americanos em combater o plano terrorista do Hezbollah mostra "que não serão admitidas suas operações na América do Sul,". Confira a íntegra do texto:

"O Estado de Israel cumprimenta as autoridades brasileiras pela firme atuação no desmantelamento da infraestrutura terrorista operada pela organização terrorista Hezbollah no país, e aprecia o compromisso do governo brasileiro em proteger os judeus e as instituições judaicas no país.

Esta é mais uma tentativa do Irã — através do Hezbollah e suas forças associadas (Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica e da Força Quds) — de expandir sua influência global, incluindo na América do Sul, como uma base avançada para atividades terroristas no continente.

A organização terrorista Hezbollah e seu patrocinador, o regime iraniano, continuam a estabelecer infraestrutura terrorista em todo o mundo destinada a atacar israelenses, judeus e alvos ocidentais.

O Estado de Israel acredita que a firme postura dos países latino-americanos é uma mensagem importante para Teerã e para o Hezbollah, mostrando que não serão admitidas suas operações na América do Sul, que tem sofrido ao longo dos anos com ataques terroristas do Irã e do Hezbollah, assim como outras partes do mundo.

O Estado de Israel continuará a proteger seus cidadãos, o povo judeu e as instituições judaicas, onde quer que sejam ameaçados".

O que é o Hezbollah

O Hezbollah é considerado um grupo terrorista por países como Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha. Fundado no início da década de 1980, atua em diversos países do Oriente Médio, entre eles o Líbano, e a maior fatia de apoio militar e financeiro é iraniana.

Segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em 2020 o Hezbollah havia se tornado o ator não estatal mais fortemente armado do mundo, com pelo menos 130 mil foguetes e mísseis.

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