PF pede ao STF nova investigação de suposta fraude em dados de vacinação em Duque de Caxias
Inquérito aponta que secretários seriam responsáveis por viabilizar a inserção de dados falsos em sistemas
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em BrasíliaOpens in new window e Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
A Polícia Federal pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (18) uma nova investigação para apurar suspeita de fraudes em cartões de vacinas da Covid-19 em Duque de Caxias (RJ). Medida ocorre após a corporação deflagrar uma operação em julho, que teve como alvos de busca e apreensão o ex-prefeito da cidade e atual secretário de Transporte e Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Washington Reis, e a secretária de Saúde de Duque de Caxias, Célia Serrano.
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A PF afirma que celulares apreendidos contêm trocas de mensagens com “diálogos sobre inserção de dados de vacinação”. “Tais fatos revelam que foi instalada na Prefeitura de Duque de Caxias/RJ uma estrutura para práticas de crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19, que transcende a associação criminosa investigada, visando beneficiar um número indeterminado de pessoas, especialmente ligados ao grupo político e familiar que comanda o município”, diz o documento.
Investigações da Polícia Federal apontam que os secretários seriam responsáveis por viabilizar a inserção de dados falsos de vacinação nestes sistemas. A corporação afirma que busca também a identificação de novas pessoas que teriam sido beneficiadas pelo esquema fraudulento. Nesta fase, são cumpridos mandados de busca e apreensão emitidos pelo STF, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Reis nega irregularidades. “Reviraram a casa de cabeça para baixo, não tem nada escondido. Moro aqui em Xerém há 57 anos, desde quando nasci. Eles podem vir 600 vezes”, disse.
O secretário foi questionado se acredita ser alvo de perseguição, mas respondeu que não vai “bater boca com Justiça nem com magistrado”. Contudo, disse que “a gente está sendo vítima”. “Não vou dizer de covardia, porque eu não sou frouxo”, completou.
Próximos passos
De acordo com pessoas com conhecimento das negociações, a abertura de um novo inquérito é importante em função das novas informações colhidas pelos investigadores, que apontam se tratar de um esquema maior. A solicitação deve ser incluída no relatório da investigação das vacinas, que será apresentado nos próximos dias pela PF.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e auxiliares dele foram indiciados em 19 de março por falsificação de certificados de vacina da Covid-19 e venda ilegal de joias presenteadas por autoridades internacionais. Nas duas investigações, a organização afirma ter provas robustas para incriminar o ex-chefe do Executivo. No mês seguinte, a PGR (Procuradoria-Geral da República) defendeu que a corporação realizasse mais investigações após analisar o relatório policial.
Em relação às vacinas, segundo a PF, as inserções falsas ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e tiveram como consequência a alteração da verdade. Com isso, os investigados puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (do Brasil e dos Estados Unidos), que visavam impedir a propagação da doença.