PF vai investigar assassinato de delator do PCC no Aeroporto de Guarulhos
Apuração será feita em parceria com a Polícia Civil de SP; empresário morto era delator em investigação sobre lavagem de dinheiro
São Paulo|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
A Polícia Federal informou neste sábado (9) que vai investigar o assassinato do empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, executado na tarde dessa sexta (8) no terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Quatro pessoas ficaram feridas no episódio. Gritzbach já tinha feito delações em investigações sobre lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital e era ameaçado pela facção.
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Segundo a PF, a instauração do inquérito “decorre da função de polícia aeroportuária da instituição”. A PF informou que a investigação será conduzida em parceria com a PCSP (Polícia Civil de São Paulo), que também apura o caso.
Na sexta (8), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), postou no X, antigo Twitter, uma declaração sobre o tiroteio. Para o governador, tudo indica que a ação criminosa está associada ao crime organizado. “Todas as circunstâncias serão rigorosamente investigadas e todos os responsáveis serão severamente punidos. Reforço meu compromisso de seguir combatendo o crime organizado em São Paulo com firmeza e coragem”, acrescentou.
O crime
O empresário voltava de Goiás com a namorada — não é sabido se ela ficou ferida. Gritzbach também já tinha sido acusado de ter mandado assassinar um líder da organização criminosa, o que ele negava. Foram pelo menos 27 disparos, segundo a perícia. O empresário foi atingido em diversas partes do corpo, como cabeça, tórax e nos braços. O ataque ocorreu por volta das 16h.
Os outros três atingidos são dois motoristas de aplicativo e uma passageira que desembarcava no local. Até o início da noite, a informação é de que o quadro deles era estável. Pelo menos uma das vítimas estava dentro do aeroporto.
Segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), um dos atingidos foi atendido e deu depoimento no local, enquanto os outros dois foram encaminhados ao Hospital Geral de Guarulhos.
A vítima
Gritzbach era um jovem corretor de imóveis da construtora Porte Engenharia quando conheceu o grupo de traficantes de drogas de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Foi a acusação de ter mandado matar Cara Preta, em 2021, que motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção.
Após sequestrá-lo, os criminosos, no entanto, decidiram soltá-lo. Para a polícia, o motivo era o fato de que só Gritzbach sabia as chaves para o resgate das criptomoedas — matá-lo, portanto, seria perder o dinheiro para sempre.
Em setembro de 2023, ele negociou um acordo de delação com os promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate), que concordaram com a proposta. O acordo foi homologado pela Justiça em abril de 2024.
Na delação, Gritzbach falou sobre envolvimento do PCC, a maior organização criminosa do país, com o futebol e o mercado imobiliário. O empresário também deu informações sobre os assassinatos de líderes da facção, como Cara Preta e Django. Em nota, a Porte Engenharia diz que foi informada pela imprensa sobre a morte de Gritzbach, “com quem não mantém negócios há anos”. E afirma que ele foi “corretor de imóveis na empresa apenas entre 2014 e 2018″.