PGR rejeita investigação sobre suposta interferência de Bolsonaro no caso do MEC
De acordo com o órgão, os parlamentares não trouxeram novos elementos e existe apuração em andamento sobre o caso
Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília
A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contrária ao pedido de senadores para que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), seja investigado no caso do escândalo de corrupção no Ministério da Educação que envolve o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
O pedido parte de uma notícia-crime registrada por senadores da oposição. No pedido de investigação sobre Bolsonaro, eles alegam que o presidente teria cometido "violação de sigilo processual e obstrução da Justiça". O embasamento foi a gravação da conversa do ministro com a filha em que Milton Ribeiro afirma que Bolsonaro ligou para ele e avisou sobre o risco de uma operação.
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Segundo Ribeiro, Bolsonaro, que estava em viagem aos Estados Unidos acompanhado do ministro da Justiça, Anderson Torres, teria telefonado para avisá-lo sobre a possibilidade de busca e apreensão contra ele.
O alerta do presidente, segundo os senadores, teria se concretizado com o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e a prisão do ex-ministro e de outros investigados.
Pedido de propina
Milton Ribeiro se tornou investigado depois que pastores sem ligação com o MEC supostamente começaram a procurar prefeituras no norte do país para cobrar propina em troca de liberação de verbas da Educação. Ele e os religiosos negam irregularidades.
O próprio Ribeiro afirmou à Polícia Federal que recebeu os pastores a pedido de Bolsonaro. Segundo a PGR, porém, a notícia-crime não inova e não traz elementos "para contribuir com as investigações em andamento".
Além disso, de acordo com a decisão da PGR, os fatos narrados pelos senadores "já estão, em tese, abrangidos por inquérito policial que foi declinado ao Supremo Tribunal Federal". Por isso, não se justificaria abrir mais um processo apuratório idêntico.