Pimenta nega que atentado a bomba tenha sido ato isolado e critica anistia a presos do 8/1
Homem explodiu bombas em frente ao STF e morreu em decorrência de um dos artefatos
Brasília|Rute Moraes, do R7, em Brasília
O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Paulo Pimenta, negou, nesta quinta-feira (14), que as explosões que aconteceram na Esplanada dos Ministérios, na noite da quarta-feira (13), tenham sido isoladas. Segundo Pimenta, o atentado é “decorrência de um discurso alimentado de ódio e intolerância”.
O ministro ainda disse não acreditar que Francisco Wanderley Luiz, autor dos atentados, tenha cometido suicídio. Francisco levou artefatos até a frente do STF (Supremo Tribunal Federal), onde os explodiu e, por último, colocou um próximo ao próprio corpo, deitou-se no chão e morreu após uma última explosão.
LEIA MAIS
Ex-candidato a vereador pelo PL em SC, Francisco também é dono de um carro que explodiu nas dependências do Anexo 4 da Câmara dos Deputados, 20 segundos antes da ação no STF.
“Não acho que devemos tratar como caso isolado. Quem planta vento, colhe tempestade. O Brasil tem sido alimentado por um discurso de ódio e intolerância, contra a democracia, contra as instituições”, disse Pimenta.
O ministro relacionou o atentado às ameaças proferidas pelo ex-deputado federal Daniel Silveira a membros do STF; o episódio em que o ex-deputado Roberto Jefferson ateou granadas contra policiais, que estavam a postos para prendê-lo; quando a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) sacou uma arma, na rua, contra um homem que a provocava; e os atos extremistas que aconteceram em Brasília em 8 de janeiro.
Para Pimenta, Francisco morreu, pois “não soube manusear de forma adequada e acabou sendo morto com seu próprio explosivo”. Ele reafirmou que a PF (Polícia Federal) continua as investigações sobre o caso e que “chegará às conexões”.
“Se for comprovado as conexões, será anexado ao inquérito do 8 de janeiro”, complementou. Por fim, Pimenta criticou ainda a tentativa de perdoar os crimes dos presos do 8 de janeiro, que tramita por meio de um projeto de lei na Câmara dos Deputados.
“Falar em anistia nesse momento é acenar para impunidade, aos criminosos. A impunidade é o fermento da violência, ódio e intolerância, que levou a mais esse episodio gravíssimo de atentado contra a democracia”, concluiu.
Entenda
O homem chegou a mostrar os explosivos que carregava no corpo para um segurança da Corte. Segundo o depoimento da primeira testemunha ouvida pela PCDF, o segurança teria tentando se aproximar de Francisco ao perceber um comportamento suspeito, mas nesse momento ele teria aberto a camisa para mostrar os explosivos e falado para ele não se aproximar. O homem também tinha um relógio digital, que o segurança acreditou se tratar do disparador da bomba.
Ainda de acordo com o depoimento, após esse momento, o homem teria atirado dois ou três artefatos contra a estátua ‘A Justiça’, que fica em frente a Corte. Após isso, ele teria deitado no chão, colocado outro explosivo abaixo da cabeça, como se fosse um travesseiro, e o artefato teria explodido.