Polícia Civil do DF indicia Jair Renan Bolsonaro por lavagem de dinheiro e outros dois crimes
Relatório final foi encaminhado ao Poder Judiciário; Renan também foi indiciado por falsidade ideológica e uso de documento falso
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
A Polícia Civil do Distrito Federal indiciou Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro. A investigação começou após a Operação Nexum, conduzida pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor), e que apurou um esquema de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Ao R7, a defesa de Jair Renan afirmou que não vai se manifestar sobre o indiciamento.
O documento da corporação, enviado ao Poder Judiciário em 8 de fevereiro, também indiciou Maciel Carvalho, instrutor de tiro de Jair Renan e principal alvo da operação policial. Ele já tinha registros criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo. A defesa de Maciel Carvalho não foi localizada, o espaço segue aberto para manifestação.
A Polícia Civil informou, em nota, que o processo ainda continua sob sigilo, "razão pela qual não serão fornecidos mais detalhes".
Funcionários 'laranjas'
Segundo a investigação da Operação Nexum, o grupo investigado operava por meio de funcionários "laranjas" para mascarar os reais proprietários de empresas fictícias. Para estabelecer essas empresas fantasmas, eles recorriam ao uso de identidades falsas na abertura de contas bancárias.
Além disso, os policiais descobriram que os investigados falsificavam informações de faturamento e outros documentos das empresas investigadas, usando dados de contadores sem o consentimento para incluir declarações falsas.
Alvo de operação da Polícia Federal
Jair Renan é o quarto filho de Bolsonaro, conhecido como "04", fruto do relacionamento com Ana Cristina Valle. Ele já havia sido alvo da Polícia Federal em 2021, quando foi aberto um inquérito para apurar negócios em que o filho mais novo do ex-presidente era envolvido.
Na ocasião, a Procuradoria-Geral do DF revelou que a apuração era derivada do procedimento preliminar que foi aberto para verificar os possíveis crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro que envolvem um grupo empresarial do setor de mineração e o filho de Bolsonaro.
Em 2022, a PF encerrou a investigação contra Jair Renan e entendeu que ele não tinha cometido crime de tráfico de influência. De acordo com o inquérito, o filho do presidente teria utilizado a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia para articular contatos entre representantes da mineradora Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, do então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Na época, o ex-presidente Bolsonaro declarou que não tinha muito contato com o filho e que não sabia dizer se ele "está certo ou errado" em relação às acusações de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
"O moleque tem 24 anos agora, acho que ninguém conhece ele, vive com a mãe, há muito tempo está longe de mim, mas recebo ele de vez em quando aqui. Tem a vida dele, não sei se está certo ou se está errado, mas peço a Deus que o proteja", declarou Bolsonaro em 13 de abril de 2022.