Polícia registra cinco casos de ameaça por dia letivo em escolas públicas do Distrito Federal
Dados consideram 50 primeiros dias de aula da capital; furto, injúria e lesão corporal são principais ocorrências em ranking
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, Brasília
As escolas públicas do Distrito Federal registraram cinco casos de ameaça entre estudantes por dia letivo neste ano. Ao todo, foram 252 casos até abril, nos primeiros 50 dias de aula na capital do país. Além das ameaças, o ranking das principais ocorrências é formado por furtos (138 casos), injúria (81) e lesão corporal (59). Os dados são da Polícia Civil do DF, em um levantamento exclusivo realizado pelo R7 por meio da Lei de Acesso à Informação.
Neste ano, em toda a capital do país, foram contabilizados 611 crimes praticados em ambiente escolar, sendo a maior parte dos autores do sexo masculino e a maior parte das vítimas do sexo feminino (veja mais detalhes).
Apesar dos números, comparados à série histórica, os dados revelam avanço na cultura de paz nas escolas públicas. No ano passado, por exemplo, a Polícia Civil contabilizou 1.600 ocorrências de crimes em ambiente escolar. O pior período dos últimos seis anos foi 2018, com 2.100 notificações registradas.
Raio-X da violência nas escolas
• Crimes praticados em escolas públicas do DF
2022: 1.687
2021: 548
2020: 409
2019: 1.974
2018: 2.175
2017: 223
• Principais registros
Ameaça: 252
Furtos diversos: 97
Injúria: 81
Lesão corporal dolosa: 59
Furtos de celular: 51
•Vítimas
Masculinas: 387
Femininas: 472
Não informadas: 35
• Suspeitos
Masculinos: 322
Femininos: 166
Não informados: 548
Comitê permanente pela paz
Em entrevista exclusiva ao R7, a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, comentou o cenário atual da capital do país e ressaltou os avanços realizados desde o ano passado, quando foi instituído o Programa Paz nas Escolas, após a pasta registrar crescente violência no retorno dos estudantes depois do isolamento da pandemia de Covid-19. Hélvia ressaltou que a medida antes era emergencial, mas que a pasta assinou decreto que a torna política pública do estado.
“[O Programa Paz nas Escolas] vai ser sempre trabalhado pelo comitê permanente, que envolve diversos órgãos na discussão do tema com os estudantes. É um ganho importante para avançarmos neste tópico, porque a violência sempre existiu”, afirmou. Hélvia declara, ainda, a importância de os estudantes serem protagonistas das ações pela não violência.
“Os jovens entendem a realidade deles, usam a mesma linguagem, são da mesma geração e estão mais próximos dos colegas. Eles conseguem se comunicar entre eles e passar a mensagem do respeito às diferenças e da não agressão, por exemplo. Por isso, o Programa Jovens Líderes pela Paz, desenvolvido em Ceilândia, foi tão eficaz”, ressaltou.
A secretária afirmou que até o fim deste semestre a pasta pretende entregar uma cartilha às unidades de ensino com os principais projetos desenvolvidos na capital do país, com orientações para a gestão escolar. “Com isso, de acordo com cada realidade, as escolas poderão adequar os projetos e implementá-los também em suas unidades”, afirma.
Hélvia diz que é importante, também, pensar além da violência física. “Temos a violência emocional, por exemplo, como o bullying, que causa muitos danos aos alunos, e a violência patrimonial. Todas essas precisam estar em debate. É importante a gente questionar qual sociedade queremos ter nos próximos anos. Por isso, trazer o tema da não violência para as escolas é fundamental. Precisamos discutir violência de gênero, violência contra as mulheres, respeito às diferenças. Todas essas pautas precisam estar dentro do dia a dia das escolas”, declara.