'Desenrola Brasil' terá aplicativo para renegociação de dívidas no varejo, diz Lula
Presidente comemorou lançamento do programa e afirmou que ferramenta para devedores estará disponível em setembro
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (18) que o programa de renegociação de dívidas Desenrola Brasil terá um aplicativo para atender os inadimplentes do varejo a partir de setembro. O comentário foi feito em entrevista ao programa Conversa com o Presidente, em Bruxelas, na Bélgica. Lula está no país para participar da cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia.
"O que está acontecendo com o Desenrola é uma mudança extraordinária. Quem ganha até R$ 20 mil pode renegociar sua dívida, tem banco dando desconto de até 96%. Vamos permitir que a população possa voltar a limpar seu nome. E em setembro chega o aplicativo para negociar com o varejo", afirmou o presidente.
"Eu até brinquei, falei: 'Haddad, se isso der certo como você está dizendo, você vai ter que ganhar junto com a sua equipe um Prêmio Nobel da desenrolação'", completou.
A expectativa do governo é beneficiar 70 milhões de pessoas endividadas e com o nome negativado em informações de crédito, como o Serasa ou Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). A primeira fase do programa começou nesta segunda-feira (17), para atender o que o governo considera Faixa 2, que abrange a população com renda entre R$ 2.640 e R$ 20 mil por mês.
Amazônia
O presidente também afirmou que a floresta amazônica não pode ser vista apenas como um "santuário da humanidade". Lula disse que é preciso promover o desenvolvimento sustentável para que os habitantes da floresta tenham melhor qualidade de vida.
"Como o Brasil ainda tem milhões de quilômetros da Amazônia preservados, nós temos que transformar isso num patrimônio efetivamente brasileiro, mas que gere melhoria da qualidade de vida para o povo", declarou.
Nesta segunda (17), no discurso de abertura do evento na Bélgica, Lula afirmou que o Brasil fará a sua parte na questão climática. Ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o chefe do Executivo disse ainda que o país tem compromisso com o desmatamento zero na Amazônia.
O que a gente quer compartilhar é a exploração científica da riqueza e da biodiversidade%2C para saber se dali a gente pode extrair produtos para a indústria do cosmético%2C mas sobretudo para a gente pesquisar como melhorar a vida do povo que mora na selva.
Lula defendeu ainda a ampliação da educação ambiental e a atuação das universidades e de pesquisadores na Amazônia. "É importante saber que a floresta em pé pode render mais para o Brasil do que derrubada. Temos 40 milhões de pastos degradados que podem ser recuperados para plantarmos o que quisermos, sem derrubar nenhuma árvore", comentou.
Mais Médicos
O presidente também falou sobre o Mais Médicos. Segundo ele, até dezembro, 28 mil médicos serão contratados pelo programa. A lei foi sancionada na sexta-feira (14) e possibilita aos médicos que atuam no programa a formação como especialista em medicina de família e comunidade.
"Até o fim do ano vamos colocar mais 28 mil médicos, para atender 96 milhões de pessoas com o novo Mais Médicos. Eles vão para as cidades mais longínquas, no interior e na periferia", disse Lula.
A retomada do Mais Médicos traz ainda estratégias de incentivo aos profissionais e oportunidades de qualificação durante a atuação no programa. O participante poderá fazer especialização e mestrado em até quatro anos. Os profissionais também passarão a receber benefícios, proporcionais ao valor mensal da bolsa, para atuar nas periferias e regiões de maior vulnerabilidade.
Eventos na Bélgica
Mais cedo, Lula participou de um café da manhã com diversas lideranças de governos, partidos e movimentos progressistas da América Latina, do Caribe e da Europa. À tarde, Lula participa da plenária da cúpula entre a Celac e a União Europeia.
O presidente brasileiro também tem encontros bilaterais com o primeiro-ministro do reino da Suécia, Ulf Kristersson; com o chanceler da Áustria, Karl Nehammer; com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen; e com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.