Quais os próximos passos da investigação da FAB sobre queda de avião da Embraer
Caixa-preta chegou a Brasília, onde será feita a extração dos dados de voo e vozes da cabine
Brasília|Thays Martins, do R7, em Brasília
A Força Aérea Brasileira recebeu em Brasília a caixa-preta do avião da Embraer que caiu na cidade de Aktau, no Cazaquistão, na semana passada. O governo do país resolveu enviar o material ao Brasil, já que a fabricação do avião é brasileira.
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Agora, a caixa-preta será analisada pelo Labdata (Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo) do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que fica em Brasília.
Os resultados serão encaminhados ao Cazaquistão, responsável por apurar o acidente. O país tem um prazo de 30 dias, segundo acordos internacionais, para apresentar um relatório preliminar da investigação. O relatório final deve ser entregue o mais rápido possível ou dentro de 12 meses após o acidente.
No Brasil, a decodificação da caixa-preta contará com nove investigadores de outros países, sendo eles três do Cazaquistão — país onde o avião caiu —, três do Azerbaijão — de onde a aeronave partiu —, e três da Rússia — destino do voo.
Os países foram convidados pelas autoridades cazaques, que apesar de conduzir a investigação pode solicitar que outras nações ajudem no trabalho.
Segundo comunicado emitido pelo Ministério dos Transportes do Cazaquistão, o intuito de ter outros países colaborando é garantir o máximo de objetividade nas investigações.
“Esta medida também evitará possíveis dúvidas sobre a objetividade das investigações de acidentes aéreos e aumentará a confiança nos resultados para a comunidade internacional. A participação direta de peritos do Azerbaijão e o apoio de peritos internacionais aumentarão ainda mais a integralidade e a precisão da investigação”, diz o comunicado.
A suspeita é que a aeronave da Azerbaijan Airlines tenha sido abatida, por engano, por militares russos. O avião tinha 67 pessoas a bordo, incluindo cinco tripulantes. Ao todo, 38 pessoas morreram.
Como será a investigação
A caixa-preta do Embraer 190, de matrícula 4K-AZ65, é um Cockpit Voice and Flight Data Recorder. Esse equipamento é capaz de gravar os dados do voo e as vozes na cabine.
Segundo a FAB, normalmente, esse tipo de gravador é capaz de armazenar duas horas de áudio, em alta qualidade, em quatro canais simultâneos e permite o armazenamento de no mínimo 25 horas para os dados de voo.
O Labdata é composto por militares tecnicamente habilitados para o estudo e análise da caixa-preta. Só existem dois laboratórios com a capacidade do Labdata no Hemisfério Sul, o de Brasília e um na Austrália.
No laboratório, segundo a FAB, há uma oficina de extração, onde são feitas a remoção das placas de memória dos gravadores de voo e a verificação dos componentes. Após isso, os militares conseguem recuperar os dados e ter acesso aos sons da cabine e às comunicações dos pilotos. Além disso, é possível ter acesso a dados como altitude, velocidade e trajetória.
Com isso, os especialistas fazem uma simulação de voo e criam uma animação em 3D para ilustrar o que aconteceu. A FAB informou que a “extração, aquisição e validação dos dados contidos nos gravadores de voo ocorrerão no menor prazo possível”. Ao terminar esse trabalho, o Brasil entregará os dados ao Cazaquistão, que será responsável por fazer o relatório final.
As investigações seguem o determinado no Anexo 13 à Convenção Internacional de Aviação Civil da Organização Internacional de Aviação Civil, órgão de referência mundial que normatiza as leis sobre aviação civil internacional.
Segundo a convenção, o único objetivo da investigação é prevenir outros acidentes, e não atribuir culpas ou responsabilidades.
Como é o avião?
O Embraer 190 é um jato com capacidade de 96 a 114 pessoas, que começou a ser fabricado em 2002. No Cenipa, não existem registros de acidentes com o mesmo modelo de aeronave nos últimos 10 anos. Além disso, o Embraer 190 é o avião usado pela FAB para voos domésticos da Presidência da República.
Em nota, a Embraer lamentou o acidente e disse que está à disposição para ajudar as autoridades. “Estamos profundamente tristes com o acidente envolvendo uma aeronave Embraer 190, próximo a Aktau, no Cazaquistão. Os nossos pensamentos e sinceras condolências vão para as famílias, amigos, colegas e entes queridos afetados por essa tragédia. Estamos acompanhando de perto a situação e continuamos totalmente empenhados em apoiar as autoridades competentes.”