Racismo contra Vini Junior vai ser tema de debate na Câmara dos Deputados
Jogador brasileiro tem sido alvo de repetidos ataques em jogos do campeonato espanhol; debate ocorre na terça-feira
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
A Câmara dos Deputados vai debater no plenário ações e soluções para os reiterados casos de racismo ocorridos na Espanha contra o jogador de futebol Vinícius Junior, do Real Madrid. O debate está marcado para terça-feira (30), às 13h, e vai contar com a participação de parlamentares, além de representantes do governo e da sociedade civil. O requerimento também sugere que a embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández-Palacios, seja convidada.
O jogador tem sido alvo de ataques racistas em partidas do campeonato espanhol. Em várias ocasiões, torcedores fizeram gestos ofensivos e o chamaram de macaco. O último caso ocorreu no último domingo (21), no jogo contra o Valência. A partida precisou ser paralisada quando Vini identificou um dos ofensores no estádio.
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A Câmara já havia aprovado, na terça-feira (23), moções de repúdio à Federação Espanhola de Futebol (La Liga), ao presidente da entidade, Javier Tebas Medrano, e a todos os torcedores em razão dos atos racistas contra o jogador brasileiro.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que vai reunir todas as 11 moções de repúdio ao episódio de racismo e de apoio ao jogador e encaminhá-las aos órgãos competentes. "A Mesa Diretora irá compilar todas as propostas de repúdio e de apoio para que este ato simbólico da aprovação de todas, em conjunto, transmita ao mundo do futebol e à liga espanhola todo o repúdio do Brasil em relação ao tratamento dispensado a Vinícius Junior", declarou.
Durante a semana, foi protocolado um projeto de lei (PL 2739/2023) para aumentar a pena de crimes de injuria racial contra altletas em competições esportivas. O projeto é de autoria do deputado Fabio Macedo (Podemos-MA).
"Uma das virtudes do futebol é unir culturas e povos, sem distinção de origem ou raça. As discriminações raciais ocorridas no futebol demonstram que o preconceito é uma chaga que envergonha o mundo e que tem que ser erradicada de uma vez por todas", afirmou o parlamentar.
Atualmente, a pena para injúria racial é prisão de três a cinco anos e multa. O texto aumenta o tempo de reclusão, que passaria a ser de três a sete anos. Além disso, a pena seria dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.
Ao se pronunciar sobre os ataques, o jogador criticou a LaLiga, a federação reguladora do futebol espanhol, e afirmou que a organização normaliza o racismo.
"Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na LaLiga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui", escreveu em uma rede social.