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R7 Brasília

Racismo estrutural ofende, machuca e mata, afirma Lula

Presidente lançou pacote de políticas públicas voltado à juventude negra e condenou casos racistas contra a população preta

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Presidente pediu basta a casos de racismo
Presidente pediu basta a casos de racismo Fábio Charles Pozzebom/Agência Brasil - 21.3.2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (21) que o racismo estrutural "ofende, machuca e mata". Ele lamentou que pessoas negras em todo o Brasil passem por esse tipo de situação, o que considerou como "uma realidade inaceitável". As falas ocorreram durante o lançamento do Programa Juventude Negra Viva, maior pacote de políticas públicas para a juventude negra da história do país, com investimento de R$ 665 milhões. 

Durante o discurso no evento, Lula disse não ser normal a violência praticada contra a população preta brasileira. "Enquanto estamos aqui reunidos, em algum canto do país há uma pessoa negra sofrendo agressões verbais, físicas, exclusivamente por conta da cor de sua pele, ou pior, confundida com bandido e executado a sangue-frio, ou então vítima de uma bala perdida, que quase sempre encontra o corpo negro em seu caminho. E que tantas vezes mancha de sangue o uniforme escolar, e rouba a alegria e a paz de famílias inteiras em nosso país", reclamou.

"Não podemos achar normal. Não podemos assistir apáticos ao extermínio da juventude negra do nosso país. Queremos nossos jovens vivos com acesso às oportunidades que têm direito", acrescentou o presidente.

Lula pediu um basta contra atos racistas. "Todos os dias pessoas negras, crianças, jovens, adultos e idosos, são vítimas de múltiplas violações de direito num contexto de vulnerabilidade que nós, poder público e sociedade, não podemos aceitar."


O presidente citou o jogador de futebol Vinícius Junior, que tem sido vítima de racismo frequentemente durante os jogos do clube dele, o Real Madrid, na Espanha. Ele criticou que o atleta seja "acusado, difamado e achincalhado dentro dos estádios na Espanha, que é um país considerado rico, civilizado" e disse "que a questão do racismo parece que ainda não saiu da cabeça de uma sociedade branca, que tem a ideia fixa de que a supremacia de tudo é branca e que o negro é cidadão de segunda classe".

Plano Juventude Negra Viva

Segundo o presidente, o Plano Juventude Negra Viva "vem para ajudar a mudar essa realidade" do racismo no país. O plano está estruturado nos seguintes eixos: educação, cultura, segurança pública, trabalho e renda, geração de trabalho de renda, ciência e tecnologia, esportes, segurança alimentar, fortalecimento da democracia, meio ambiente, garantia do direito à cidade e valorização dos territórios.


O plano abarca 43 metas e 217 ações, pactuadas com 18 ministérios. O programa vai ter a aplicação projetada em 12 anos, com previsão de avaliação e renovação a cada quatro anos. Segundo dados divulgados pelo Palácio do Planalto, a juventude negra representa 23% da população brasileira.

Entre as ações prioritárias estão o projeto nacional de câmeras corporais (diretrizes, capacitação e treinamento); bolsas de R$ 500 para jovens negros enquanto passam por cursos de capacitação profissional por um ano nos institutos federais; política nacional de atenção integral a saúde de adolescentes e jovens; bolsa de preparação para concurso da administração pública; criação de equipamentos de referência em políticas para as juventudes e R$ 6 milhões de investimento em intercâmbios de professores e estudantes de licenciatura para África e América Latina.


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Também estão previstos a implementação do Pontão da Cultura com recorte específico para a juventude; internet em territórios periféricos, comunidades tradicionais e espaços públicos; formação de jovens esportivas nas periferias e crédito rural, com foco na produção de alimentos, agroecologia e sociobiodiversidade também estão entre as prioridades do plano.

"A construção desse plano é uma demonstração de tudo que a gente tem feito à frente do ministério, de transversalidade, mas sem esvaziar a palavra e, sim, trabalhar em conjunto. Lula não faz e não fará política dentro de gabinete. A gente faz política com o povo, a gente faz política na rua, segurando na mão e entendendo o dia-a-dia da diversidade desse país, que existe e é real", disse a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, na cerimônia.

Os governadores também vão poder aderir ao plano, apontando as localidades para o governo federal executar as políticas nacionais para esse público. Até o momento, formalizaram adesão Distrito Federal, Goiás, Piauí, Amapá e Amazonas.

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