Ramagem vai prestar depoimento à PF sobre espionagem na Abin
Nas redes sociais, o ex-diretor da agência afirmou que não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro com a Abin
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em BrasíliaOpens in new window e Natália Martins, da RECORD
O ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem vai prestar depoimento à Polícia Federal na próxima quarta-feira (17), no Rio de Janeiro. O depoimento faz parte da investigação sobre um suposto esquema de espionagem ilegal com a estrutura da Abin. Nesta quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva contra pessoas que teriam participado do esquema. As ordens foram expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
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Em relatório enviado à Corte, a PF informou que os policiais federais que atuavam na Abin, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram-se das ferramentas da agência para serviços “ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal”, como, por exemplo, a envolvendo Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“As ações de ‘inteligência’ realizadas não deviriam deixar rastros, razão pela qual a então alta gestão decidiu que não haveria difusão do relatório, ao tempo diligência solicitada pelo GSI diretamente para a Direção-Geral da Abin. Noutros termos, o presente evento corrobora a instrumentalização da Abin para proveito pessoal. Neste caso o intento era fazer prova em benefício ao investigado Renan Bolsonaro”, diz a PF.
Conforme o relatório, a corporação também obteve um áudio de uma reunião em 2020 do ex-presidente Jair Bolsonaro com Ramagem na qual os dois tratam sobre medidas contra supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração do relatório final da investigação sobre suposto desvio de parte dos salários dos funcionários do gabinete do agora senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) enquanto ele era deputado federal na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
A gravação tem uma hora e oito minutos de duração. Conforme a corporação, Ramagem teria afirmado na reunião que seria preciso instaurar “procedimento administrativo contra os auditores, para anular as investigações, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.
Nas redes sociais, Ramagem afirmou que não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro com a agência.
“Não há interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro. A demanda se resolveu exclusivamente em instância judicial. A PGR não foi favorável às prisões da operação, mas a Justiça desconsiderou a manifestação. Há menção de áudio que só reforça defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional. Houve finalmente indicação de que serei ouvido na PF, a fim de buscar instrução devida e desconstrução de toda e qualquer narrativa. No Brasil, nunca será fácil uma pré-campanha da nossa oposição. Continuamos no objetivo de legitimamente mudar para melhor a cidade do Rio de Janeiro”, disse.