'Reforma ministerial urge', e Lula 'tem consciência disso', diz Tebet
A ministra disse que o governo precisa fazer mudanças para conseguir a 'tranquilidade necessária' para ter sucesso no Congresso
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta terça-feira (15) que uma reforma ministerial no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "urge" e "se faz necessária" para que o chefe do Executivo consiga a "tranquilidade necessária" na relação com o Congresso Nacional.
"A minirreforma ministerial urge, se faz necessária, o presidente tem consciência disso. Acredito que vai começar em agosto, mas não sou da área política, sou da econômica, nem devo falar muito disso", comentou Tebet durante um evento organizado pela XP Investimentos, em Brasília.
Segundo ela, o governo tem que fazer concessões para acomodar os partidos que querem ingressar na Esplanada dos Ministérios. "Acredito que são ajustes finos que precisam ser feitos e vão dar a tranquilidade necessária para a gente executar, operacionalizar tudo o que vamos entregar", afirmou a ministra.
Desde o mês passado, Lula vem prometendo ceder mais espaço ao centrão no governo, mas tem demorado a oficializar as trocas. De todo modo, o presidente disse a membros do Executivo que espera concluir as negociações até o fim desta semana.
Os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) já foram escolhidos para compor o corpo ministerial de Lula, mas o presidente ainda não definiu quais pastas eles vão comandar.
O centrão está de olho em ministérios como o do Esporte, o de Saúde e Desenvolvimento e o de Assistência Social, Família e Combate à Fome. O presidente, no entanto, quer manter o controle dessas pastas e ainda busca a melhor solução. Para não demitir atuais ministros e ainda assim ampliar a presença do centrão na Esplanada, a equipe do governo estuda a viabilidade de criar novos ministérios.
As conversas no Palácio do Planalto giram em torno do desmembramento da pasta de Portos e Aeroportos. Caso isso aconteça, o atual ministro, Márcio França, ficaria responsável apenas por Portos. Além disso, o governo analisa a possibilidade de criar o Ministério da Pequena e Média Empresa, que hoje é uma secretaria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Lula deve ter uma reunião nesta terça-feira com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para tratar da reforma. O presidente deve chegar a Brasília por volta das 14h, vindo do Paraguai, onde participou da solenidade de posse do novo presidente do país, Santiago Peña. Inicialmente, ele deveria voltar ao Brasil às 17h.
Em meio às negociações, ganhou força nos últimos dias a possibilidade de o próprio Lira fazer parte do governo Lula assim que deixar a presidência da Câmara, em 2025. A ideia é que, no futuro, o deputado assuma a pasta que vier a ser comandada por Fufuca.
A definição de quais ministérios serão chefiados pelos dois deputados pode ajudar o governo a destravar a votação de projetos de interesse da área econômica, sobretudo o do chamado arcabouço fiscal, norma que vai definir novas regras para as contas públicas do país.
Na conversa que pretende ter com Lira nesta terça, Lula também deve tratar do assunto, visto que o Executivo aguarda a aprovação da proposta para finalizar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024.