Relator da CPI: 'Ainda não fui informado sobre divergência'
Renan diz que texto seguirá vontade da maioria. Após vazamento, senadores acreditam em estratégia para expor posições contrárias
Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
O relator da CPI da Covid-19, Renan Calheiros (MDB-AL), ficou isolado entre os colegas do grupo majoritário da comissão, chamado de G7, após vazamento da minuta do relatório final na imprensa antes que o restante dos senadores tivesse acesso ao documento.
Em meio ao clima de insatisfação, Calheiros afirmou que está aberto a discutir o texto e alterá-lo, se for a vontade da maioria. O relator disse que ainda não foi informado sobre divergências.
É natural que essas coisas vazem. Agora%2C se vazaram%2C vamos aproveitar para que a gente discorde concretamente em torno de algum ponto. Eu ainda não fui informado sobre a divergência de algum ou de alguns%2C sinceramente.
Ele disse que não recebeu nenhum pedido de emendamento do relatório. "Eu ainda não ouvi de ninguém nenhuma divergência com relação a nada", disse, frisando que tudo que foi investigado pela CPI foi público.
Calheiros afirmou que o documento terá que ter a maioria da comissão, e que é normal que haja posições diferentes, mas que isso será pacificado. Indagado se vai disponibilizar o documento aos colegas agora, após o vazamento, disse que está aberto a discutir ponto a ponto com todos, mas que ele não pode marcar reunião, pois isso cabe ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). Aziz fez duras críticas ao senador, após o vazamento, e apontou que a ação foi uma estratégia do relator.
"Continuo trabalhando no relatório. Tivemos vazamento de algumas minutas, foram minutas apenas, expessam um pouco do meu ponto de vista. Eu os defenderei", disse, frisando que a exposição de todas as partes se dará com base na construção de uma convergência entre os senadores.
Calheiros afirmou que as divergências são superficiais e facilmente sanáveis, e que não vai recuar no que já colocou no documento, mas que a vontade da maioria vai prevalecer. "O parecer não é do relator. Se tiver alguma coisa interessante para colocar no parecer, eu colocarei. A minha disposição é essa. Fazer uma investigação ampla, verdadeira, isenta, e que o relatório expresse o que aconteceu na pandemia e nessa investigação. Não estou admitindo retirar nada. A maioria retirará o que quiser. Mas, da minha parte, tenho algumas coisas a acrescentar", disse.
Renan Calheiros ainda justificou o vazamento dizendo que o documento estava pronto havia três meses, e que mais de 50 pessoas estão trabalhando em torno dele. "Era impossível que ele não vazasse, com mais de 50 pessoas trabalhando. Isso não significa nada. O vazamento não é bom, mas, já que vazou, vamos aproveitar essa circunstância para confrontar pontos de vista", afirmou.