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R7 Brasília

Relatório final da PF sobre bloqueio das rodovias nas Eleições 2022 deve sair semana que vem

Pessoas ligadas à investigação ouvidas pela RECORD apontaram que houve contradições entre os depoimentos prestado

Brasília|Natália Martins, da RECORD, e Rafaela Soares, do R7, em Brasília

Bloqueios intencionais teriam acontecido em 2022 Lula Marques/Agência Brasil/Arquivo e Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

A Polícia Federal deve apresentar na próxima semana o relatório final do inquérito que apura o bloqueio de estradas durante o primeiro turno das Eleições de 2022. A nova delegada responsável deve manter os indiciamentos do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasquez. Para o pleito deste ano, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o MJ (Ministério da Justiça) proíbem blitze sem justificativa.

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Fontes ouvidas pela RECORD afirmam que os indiciados devem responder pelo crime de restringir, impedir ou dificultar, com emprego de violência física, o exercício de direitos políticos a qualquer pessoa. A pena para quem comete o delito é de prisão de três a seis anos e multa, além da pena correspondente à violência empregada na ação. Além de Silvinei e Torres, outros quatro delegados cedidos ao MJ na época também estão envolvidos. O documento será entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal). Pessoas ligadas à investigação também apontaram que houve contradições entre os depoimentos prestados e que existem provas para indiciar os envolvidos.

Em um primeiro momento, a PF já havia apresentado um relatório, com o indiciamento de Torres e Silvinei, ao STF, mas pediu mais tempo para realizar novas investigações e depoimentos, a fim de apresentar o relatório final sobre o caso.

Relembre

Na segunda (14), Torres prestou um novo depoimento à PF no âmbito do inquérito e voltou a afirmar que “não organizou nem interferiu nas operações da PRF durante as eleições” e que “nenhum eleitor deixou de votar por ser baiano ou nordestino”. Além disso, pediu a reconsideração do indiciamento.


O relatório apresentado em agosto mostra que, segundo as investigações, integrantes da PRF teriam direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no segundo turno.

Mapa

Um mapa, obtido pela PF nas investigações, mostra as regiões onde havia a concentração de votos no primeiro turno da eleição de 2022 para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a corporação, o mapa foi usado pela gestão de Silvinei Vasques, na época à frente da PRF, para dificultar o deslocamento de eleitores de Lula no segundo turno. A imagem estava no documento que fundamentou a prisão do ex-diretor-geral da corporação, em agosto do ano passado.


Mapa mostra locais onde Lula teve mais votos no primeiro turno
Mapa mostra locais onde Lula teve mais votos no primeiro turno Divulgação/PF

O mapa foi encontrado no celular de Marília Alencar, então diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Havia uma reunião agendada com o [então] ministro [Anderson Torres] para as 11h. Sendo assim, como esta imagem foi capturada às 11h23, há fortes indícios de que esta fotografia tenha sido realizada para esta reunião”, diz a PF. Marília seria uma das indiciadas no relatório final sobre o caso.

Torres pediu a membros da PF e da PRF que se ajudassem em uma atuação conjunta e alegassem que o motivo seria o combate a fraudes eleitorais. O objetivo, contudo, seria interromper o fluxo de eleitores e, assim, tentar diminuir a vantagem de Lula na região para favorecer o ex-presidente e então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).


Colunas mostram desempenho eleitoral dos candidatos no primeiro turno da eleição
Colunas mostram desempenho eleitoral dos candidatos no primeiro turno da eleição Divulgação/PF

Intitulado “Concentração maior ou igual a 75% — Lula”, o mapa mostra uma lista de municípios, como Crato (CE), Paulo Afonso (BA), Iguatu (CE), Parintins (AM), Candeias (BA), Serra Talhada (PE), Canindé (CE), Barreirinhas (MA) e Icó (CE), entre outros. Há uma coluna de votos cujo número total é 10.073.642, além de outras duas com o nome de Bolsonaro (1.485.294 votos) e de Lula (7.743.713). O mapa mostra ainda uma coluna com nomes de partidos. Sob a gestão de Vasques, no segundo turno da eleição, a PRF concentrou a abordagem de veículos em locais onde o petista tinha maior vantagem.

Bloqueio nas estradas e prisão

Em 30 de outubro de 2022, policiais rodoviários federais realizaram bloqueios em diversas rodovias do Nordeste, o que impactou a movimentação de eleitores para os locais de votação e causou atrasos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a ampliar o horário para que as pessoas votassem, além de pedir explicações à PRF. Naquele dia, a corporação alegou que tentava evitar possíveis crimes eleitorais.

Os bloqueios foram feitos mesmo depois de o então presidente do TSE, Alexandre de Moraes, ter decidido, na véspera do segundo turno, proibir blitze até o fim das eleições — qualquer tipo de operação relacionada ao transporte público, gratuito ou não, de eleitores. O então diretor-geral da PRF foi demitido em dezembro e, atualmente, é réu por improbidade administrativa devido à operação.

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