Relógio destruído por vândalos no 8 de Janeiro retorna ao Planalto
Objeto, feito no século 17 e doado pela corte francesa a dom João 6º, foi restaurado na Suíça, sem custo para governo brasileiro
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O relógio Balthazar Martinot, destruído durante os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023, foi restaurado e retornou ao Palácio do Planalto, em Brasília, nesta terça-feira (7). O item foi transportado por uma equipe da PF (Polícia Federal) e virou símbolo do ataque registrado há dois anos aos Três Poderes.
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Na última segunda-feira (6), As Mulatas, de Di Cavalcanti, e a escultura de parede em madeira, de Frans Krajcberg, retornaram ao Planalto. Ambas foram restauradas no laboratório que havia sido construído no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Agora, foi a vez do relógio, feito no século 17 e doado pela corte francesa a dom João 6º. O objeto ficava no 3º andar, onde está localizado o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foi fabricado por Balthazar Martinot, relojoeiro do rei Luís 14. Existem apenas dois relógios desse autor — o outro está exposto no palácio de Versalhes, na França.
O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, comentou a restauração. “O valor do que foi destruído é incalculável, por conta da história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante esse longo período. É esse o seu valor histórico”, disse. “Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do modernismo brasileiro”, completou.
A restauração do relógio contou com o trabalho de técnicos da Suíça e não teve custo para o governo brasileiro. Na época dos atos antidemocráticos, o Palácio do Planalto havia afirmado que o prejuízo causado foi de R$ 4,3 milhões. O valor total dos danos, no entanto, pode ter sido maior, uma vez que o governo não conseguiu mensurar o valor de algumas obras, objetos e móveis danificados.
A entrega das obras ocorre dias antes do evento que marca os dois anos dos atos antidemocráticos, previsto para quarta-feira (8). Na ocasião, a Presidência da República prepara uma série de atividades com a presença de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao todo, serão restituídas 21 peças.
Condenações
Até o momento, o STF (Supremo Tribunal Federal) condenou 310 pessoas que participaram dos atos antidemocráticos: 229 executores e 81 na condição de incitadores. As penas dos executores variam entre 15 anos e 17 anos de prisão. Os suspeitos foram punidos pelos crimes de associação criminosa armada, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.
Outras 500 pessoas admitiram os crimes cometidos e fecharam acordos com a PGR (Procuradoria-Geral da República). Dessa forma, os suspeitos puderam cumprir medidas alternativas à prisão, como pagamento de multa e participação de curso sobre democracia para se livrar do julgamento. Ao todo, 81 pessoas recusaram o acordo.