Saiba por que Moraes negou acesso de Braga Netto à delação de Mauro Cid
Braga Netto solicitou ao STF acesso integral à delação de Mauro Cid, incluindo depoimentos, documentos e tratativas do acordo
Brasília|Victoria Lacerda e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), retirou nesta quarta-feira (19) o sigilo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. A decisão ocorre dias após o próprio magistrado negar o pedido da defesa do ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente, Walter Souza Braga Netto, para acessar o conteúdo da colaboração premiada.
Na época do pedido, Braga Netto solicitou ao STF acesso integral à delação de Mauro Cid, incluindo depoimentos, documentos e tratativas do acordo. A defesa alegava que o material era essencial para garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório.
O pedido foi negado por Alexandre de Moraes, que justificou a decisão com base na jurisprudência do STF, afirmando que o acesso à delação só é permitido quando há imputação direta de responsabilidade criminal ao requerente e quando não há diligências em andamento. Naquele momento, a delação ainda estava sob sigilo, e Moraes argumentou que seu conteúdo poderia comprometer as investigações em curso.
O que a delação de Mauro Cid revelou?
Agora tornada pública, a delação de Mauro Cid revelou detalhes sobre supostos planos para desacreditar o processo eleitoral de 2022. Em um dos trechos divulgados, Cid afirmou que “havia reuniões frequentes entre membros do alto escalão para discutir estratégias de questionamento das eleições” e que “a ideia era criar um ambiente propício para que uma intervenção fosse vista como necessária”. Além disso, ele declarou que “alguns generais manifestaram apoio velado ao plano, mas temiam as consequências legais e políticas”.
Os documentos também apontam que havia articulações para mobilizar setores das Forças Armadas em favor da narrativa de fraude eleitoral, um plano semelhante ao modelo já adotado pelo chamado Gabinete do Ódio.