Sem citar Milei, Lula diz a Haddad para não seguir 'nova experiência do continente'
Afirmação do presidente brasileiro foi feita dois dias após a vitória do candidato ultraliberal no país vizinho
Brasília|Do R7, em Brasília
Sem citar o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, percorre diversos países a fim de discutir economia e disse esperar que ele não vá atrás da "nova experiência" no continente sul-americano. A afirmação do chefe do Palácio do Planalto foi feita durante uma transmissão nas redes sociais realizada nesta terça-feira (21), dois dias após a vitória do candidato ultraliberal no país vizinho ao Brasil.
"O Haddad visita os países, vai debater a economia, não é com as pessoas que concorda. Se fosse assim, ficasse em São Paulo, pegava o Guido Mantega, os amigos dele da universidade, o [Luiz Gonzaga] Belluzzo, e ficava discutindo. Ele viaja o mundo para discutir, para saber experiências. Só espero que não vá atrás dessa nova experiência que surgiu por aqui no continente", disse Lula.
A declaração presidencial ocorre ainda um dia após o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, ter dito que o presidente eleito da Argentina ofendeu Lula "de forma gratuita" e cobrado um pedido de desculpa. "Eu não ligaria, só depois que ele me ligasse para me pedir desculpa. Ofendeu de forma gratuita o presidente Lula. Cabe a ele, num gesto como presidente eleito, ligar para se desculpar. Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversa", disse o titular.
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Milei é o vencedor do segundo turno da eleição presidencial argentina. De acordo com os resultados parciais da apuração divulgados pelo governo no domingo (19), o candidato, da frente La Libertad Avanza, obteve aproximadamente 14,3 milhões de votos, o equivalente a 55,75% da preferência do eleitorado.
Sergio Massa, candidato da frente governista Unión por la Patria, recebeu 44,24% dos votos argentinos (11,36 milhões). Ele se antecipou ao anúncio dos resultados parciais da votação e, antes das 20h, fez um pronunciamento em que reconheceu a derrota. "Já falei com Milei, que é o presidente que a maioria escolheu", afirmou o peronista.
Apesar de o Brasil ser o principal parceiro comercial da Argentina, Milei afirmou não ter intenção de manter boas relações com o governo de Lula, a quem chamou de corrupto, ladrão, comunista e presidiário. Especialistas afirmam que quem tem mais a perder é a Argentina, uma vez que o Brasil é o maior comprador de produtos argentinos.
O estilo provocativo marcou a campanha de Milei nos últimos meses e atraiu uma parcela dos argentinos, com críticas à política tradicional e propostas radicais para enfrentar a grave crise econômica na Argentina, que registrou 142,7% de taxa de inflação em 12 meses, a maior desde 1991.
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Nas redes sociais, Lula expressou votos de "boa sorte e êxito ao novo governo" argentino. "A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino, que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica", escreveu o petista. "Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos", acrescentou.