Lula chora ao lembrar período preso e, sem citar Moro, fala em juiz ‘insignificante’ no Paraná
Presidente cumpre agenda nesta quinta-feira na região metropolitana de Curitiba, onde ficou preso por 580 dias
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chorou nesta quinta-feira (15) ao falar do período de 580 dias em que ficou preso em Curitiba (PR), entre 2018 e 2019. Ao lembrar o episódio, Lula falou em um juiz “insignificante”, sem fazer menção a Sergio Moro, e em procuradores da República que faziam “parte de uma quadrilha”.
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“Foi a decisão mais sábia que tomei: de falar que iria me entregar para a Polícia Federal e vou lá para dentro. Vou perto daquele juiz insignificante, vou perto daqueles procuradores da República que faziam parte de uma quadrilha dentro do Ministério Público. Mas vou lá para provar minha inocência”, afirmou o presidente durante agenda no Paraná.
Também nesta quinta-feira, Lula relatou ter vontade de visitar a cela onde ficou preso. Segundo ele, a ida ao local só não aconteceu devido à ausência da primeira-dama, Janja da Silva.
Resposta de Moro
Mesmo sem ter sido citado por Lula, Moro usou as redes sociais para responder o presidente. “Vou lembrar que ele jamais provou a sua inocência para mim ou ao povo brasileiro. Foi apenas beneficiado por uma mais do que questionável anulação formal de suas condenações. Sua culpa havia sido reconhecida por magistrados de três instâncias. A população sabe a verdade: a Petrobras foi saqueada durante o seu governo e pelos diretores que nomeou”, disse o senador.
“Agora Lula, que, segundo seu próprio vice, “voltou ao local do crime”, cuida de desmantelar os mecanismos de prevenção à corrupção, como seu atual governo fez com a lei das estatais. No Senado, na condição de representante eleito dos paranaenses que, aliás, rejeitam Lula, sou e sempre serei oposição a esse governo e seus desmandos”, completou o ex-juiz.
Anúncios de Lula no Paraná
Na visita que fez ao Paraná nesta quinta-feira, Lula anunciou a retomada das atividades da Fábrica de Fertilizantes Araucária Nitrogenados, que estava desativada desde 2020. O investimento previsto é de R$ 870 milhões. “Serão imediatamente iniciados todos os procedimentos necessários à retomada, incluindo a publicação dos editais para contratação de serviços de manutenção e de materiais críticos”, diz o governo.
O governo trabalha com a previsão de que a operação seja iniciada no segundo semestre de 2025. O governo argumenta que serão gerados mais de 2 mil empregos. Atualmente, a fábrica está em processo de contratação de serviços e aquisição de materiais, com previsão de conteúdo local superior a 85%. Após finalizada essa etapa, será realizada a mobilização dos contratos de serviços e manutenção dos equipamentos para o início das atividades.
A fábrica tem capacidade de produção de 720 mil toneladas/ano de ureia, o que corresponde a 8% do mercado; 475 mil toneladas/ano de amônia; além de 450 mil m³/ano do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), usado para controlar emissão de óxidos de nitrogênio no gás de escapamento dos veículos. Os produtos da empresa atendem, principalmente, os mercados de Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e do sul de São Paulo.
Com a decisão da retomada, a Petrobras autoriza também que a fábrica celebre acordo e efetue a contratação dos antigos empregados, condicionada à homologação do acordo pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho). A previsão é que a operação seja reiniciada no segundo semestre de 2025. “Os caras que mandaram vocês embora, certamente, nunca ficaram desempregados. Para eles, não interessa nada, vocês são estatísticos. Mas, para mim, interessa.”