‘Sempre guardei dólar em casa’, diz Bolsonaro após PF apreender US$ 14 mil na casa dele
Agentes apreenderam cerca de US$ 14 mil (R$ 78.023,40 na cotação atual) e R$ 8.000 na residência do ex-presidente
Brasília|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (18) que “sempre guardou dólar em casa” e que o dinheiro encontrado em sua casa foi declarado à Receita Federal. A Polícia Federal apreendeu cerca de US$ 14 mil (R$ 78.023,40 na cotação atual) e R$ 8.000 na residência do ex-presidente.
A declaração de Bolsonaro ocorreu ao ser questionado por jornalistas sobre qual era a finalidade da quantia apreendida pela Polícia Federal. “Não tenho a menor ideia. Tem mais ou menos US$ 14 mil. Sempre guardei dólar em casa. Todo dólar pego lá tem o recibo do Banco do Brasil”, declarou.
Nesta sexta, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro. Além disso, o ex-chefe do Executivo deverá usar tornozeleira eletrônica e está proibido de sair de casa entre 19h e 6h.
Bolsonaro também está proibido de manter contato com embaixadores e diplomatas estrangeiros, bem como se aproximar de embaixadas. Outras restrições incluem a proibição de contato com os demais réus do processo e o acesso às redes sociais.
Na coletiva, Bolsonaro afirmou que se sente “humilhado” com a ação da PF e que não pretendia fugir do país.
“Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para embaixada [...] Me sinto humilhado, isso é humilhação”, afirmou.
Todas as medidas foram autorizadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A representação foi feita pela PF, com parecer favorável da PGR (Procuradoria-Geral da República), pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução da Justiça e atentado à soberania nacional.
Notas de defesa
Em nota, a defesa do ex-presidente afirmou que recebeu com “surpresa e indignação” a imposição de medidas cautelares “severas” contra ele. Segundo os advogados, Bolsonaro sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.
“A defesa irá se manifestar oportunamente, após conhecer a decisão judicial”, informou.
O Partido Liberal enviou nota afirmando que manifesta “estranheza e repúdio” diante da ação da Polícia Federal realizada nesta sexta-feira, que incluiu mandados de busca na residência do presidente Jair Bolsonaro e na sala que ocupa na sede nacional do partido.
“Se o presidente Bolsonaro sempre esteve à disposição das autoridades, o que justifica uma atitude dessa?”, questionou.
Para o PL, a medida determinada pelo STF foi “desproporcional, sobretudo pela ausência de qualquer resistência ou negativa por parte do presidente Bolsonaro em colaborar com todos os órgãos de investigação”.
“Reafirmamos nossa confiança no presidente Jair Bolsonaro, seu compromisso com o Estado Democrático de Direito e com a verdade”, concluiu a nota.
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Relembre
A PGR solicitou nesta semana a condenação de Bolsonaro por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.
Além dele, sete pessoas, incluindo generais e ex-ministros, foram acusadas. A PGR afirma que Bolsonaro liderava a organização criminosa responsável por atos críticos contra a democracia.
Os crimes atribuídos ao grupo incluem organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, com penas que podem chegar a até 43 anos de prisão.
Entre os acusados, estão Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Paulo Sérgio Nogueira, ex-líder do Exército.
O documento da PGR detalha que a tentativa de golpe não se concretizou devido à falta de apoio das Forças Armadas.
O julgamento está previsto para ocorrer entre o final de agosto e início de setembro. Em resposta às acusações, Bolsonaro negou envolvimento e classificou as alegações como infundadas.
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