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Senado instala comissão para acompanhar investigação do caso Bruno e Dom

O indigenista e o jornalista foram vistos pela última vez no dia 5; suspeito confessou ter matado a dupla 

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Dom Phillips e Bruno Pereira
Dom Phillips e Bruno Pereira

O Senado instalou nesta segunda-feira (20) uma comissão externa temporária para acompanhar as investigações sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari, na Amazônia. A comissão foi aprovada na semana passada, com prazo de 60 dias, e tem como objetivo investigar também o aumento da criminalidade na região e de atentados contra povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e jornalistas em todos os estados que compõem a Amazônia Legal.

Bruno e Dom foram vistos pela última vez em 5 de junho, quando faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, a 1.135 quilômetros de Manaus. Na quarta-feira (15), um dos pescadores detidos pela Polícia Federal confessou ter matado os dois, esquartejado os corpos e ateado fogo neles. A perícia mostrou que o jornalista e o indigenista foram mortos com tiros de uma arma de caça.

A comissão externa é formada por nove senadores, e Nelsinho Trad (PSD-MS) foi escolhido como relator. Nesta segunda-feira, ele apresentou o plano de trabalho e o cronograma da comissão. O senador também lembrou que Bruno recebia constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores.

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"De 2012 a 2021, a Amazônia concentrou mais de 70% das mortes por conflitos fundiários no país. Segundo um levantamento da CPT (Comissão Pastoral da Terra), pelo menos 313 pessoas perderam a vida em disputas por terra na região", pontuou. O senador também ressaltou que dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que "houve um crescimento de 9,2% na violência letal, entre 2018 e 2020, em cidades de floresta na região Norte do país".


Vice-presidente da comissão, Fabiano Contarato (PT-ES), que já foi delegado de polícia, manifestou preocupação com uma nota da Polícia Federal que diz que o crime não tem mandantes. "Muito me preocupa quando eu vejo uma declaração da Polícia Federal dizendo que já estaria concluída essa investigação. Isso é elementar numa investigação: nós não podemos encerrar nenhuma hipótese de investigação", afirmou.

Cronograma

O relator apresentou um cronograma. Veja destaques:


• Oitiva do Ministério Público Estadual, do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União, do gabinete de Crise de Manaus (Polícia Federal, Marinha, Exército, Secretaria de Segurança Pública), da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros;

• Depoimentos dos suspeitos do assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira;


• Depoimento dos suspeitos de auxílio na ocultação dos cadáveres.

• Ouvir o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres; o pedido já foi aprovado e a audiência ficou marcada para a próxima quarta-feira (22);

• Ouvir o prefeito de Atalaia do Norte, do Amazonas, Denis Paiva;

• Realização de audiência pública com a participação do presidente da Funai, Marcelo Xavier, e de representantes da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e da entidade Indigenistas Associados.

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