Senadores sugerem assistência para alimentar garimpeiros que ainda estão em terras yanomamis
A comissão externa para acompanhar o caso estima que 20 mil trabalhadores estão isolados após o desmonte dos acampamentos
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Senadores que integram a comissão externa criada para acompanhar a crise yanomami querem garantir assistência aos garimpeiros que desocupam as terras indígenas, com alimentos e logística dos governos federais e estaduais. A sugestão é que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), proponha ao Ministério Público Federal (MPF) a assinatura de um acordo com as autoridades para firmar o compromisso.
Os senadores de Roraima Chico Rodrigues (PSB), Dr. Hiran (PP) e Mecias de Jesus (Republicanos), que integram a comissão, estão na região com o objetivo de auxiliar o governo nos trabalhos in loco. Rodrigues estima que haja aproximadamente 20 mil garimpeiros isolados com o desmonte dos acampamentos. Segundo ele, os alimentos não chegam à região, já que os donos de aviões que fazem o transporte temem o confisco das aeronaves.
"A questão dos yanomamis é humanitária. Mas a dos garimpeiros também. Com a retirada, deve se estabelecer um valor, ou cesta básica, para que eles possam sobreviver por pelo menos alguns meses", defende Rodrigues.
Indígenas da etnia Yanomami receberam atendimento das Forças Armadas Brasileiras nesta quarta-feira (1º), no município de Alto Alegre, em Roraima, no combate à pandemia de covid-19. Na imagem, médico do time das Forças Armadas examina uma membro da tr...
Indígenas da etnia Yanomami receberam atendimento das Forças Armadas Brasileiras nesta quarta-feira (1º), no município de Alto Alegre, em Roraima, no combate à pandemia de covid-19. Na imagem, médico do time das Forças Armadas examina uma membro da tribo Yanomami, em meio a pandemia do novo coronavírus, no 4º Pelotão da Fronteira Surucucu do Exército Brasileiro
Os senadores de Roraima pleiteiam, ainda, a liberação de áreas específicas para garimpos licenciados, mas essa proposta sofre resistência por parte do Congresso. "Não devemos trabalhar com a ideia de exploração mineral nas áreas indígenas. Precisamos garantir a preservação e investir em outro tipo de atividade", declarou o senador Humberto Costa (PT-PE), reconhecendo a necessidade de criar alternativas para que as pessoas dedicadas ao garimpo não voltem à ilegalidade.
Ações
Na região yanomami, a Polícia Federal trabalha para desmobilizar permanentemente o garimpo ilegal. Os maquinários são destruídos, e os acampamentos, desmobilizados. A operação Libertação foi deflagrada nesta sexta-feira (10) com o objetivo de interromper a logística do crime e proteger a população.
As ações são realizadas por uma força-tarefa com agentes governamentais, liderada pela Polícia Federal e formada por Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Força Nacional e Ministério da Defesa.
Crise na Terra Indígena Yanomami
Desde o dia 20 de janeiro, a Terra Indígena Yanomami, a maior do Brasil em extensão territorial, está sob estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, após relatos de casos graves de desnutrição e desidratação dos indígenas.
Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância mostram que oito em casa dez crianças indígenas com menos de 5 anos na Terra Yanomami sofrem de desnutrição. O garimpo ilegal e a ausência de medicamentos e políticas de saúde agravam a situação da comunidade, localizada no meio da floresta amazônica.
Em visita ao território yanomami, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, disse que vai ser "desafiador chegar a uma solução" para a crise humanitária que atinge os indígenas da região.














