‘Situação de muita tranquilidade’, diz Lula sobre relação entre governo e Congresso
Presidente da Câmara chegou a chamar ministro das Relações Institucionais de ‘incompetente’ e ‘desafeto pessoal’
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (23) que a relação entre o governo e o Congresso Nacional está em uma “situação de muita tranquilidade”. A fala ocorreu durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto. O petista negou que haja crise entre os Poderes e declarou que divergências políticas são “normais”.
“Qual é a briga com o Congresso? A briga é o normal da divergência política, num Congresso com vários partidos políticos, com programas diferentes. A coisa mais normal de quando damos entrada num projeto de lei ou uma medida provisória é que tenha gente que queira incluir ou tirar alguma coisa. Se você não gostar disso, não faça política”, afirmou.
“Estou convencido de que estamos numa situação de muita tranquilidade com o Congresso Nacional. Todas as coisas [enviadas pelo governo ao Legislativo] serão aprovadas e todas as coisas serão acordadas, na medida do possível com a presença dos líderes do governo na Câmara, no Senado e no Congresso e com os ministros responsáveis pela matéria, com a participação da Casa Civil e do ministro da organização política [Alexandre Padilha, das Relações Institucionais]. Não tem nenhuma divergência que não possa ser superada”, completou o presidente.
A relação entre o Executivo e o Legislativo passa por momentos de tensão. No início deste mês, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro Padilha, se confrontaram publicamente e trocaram farpas, em meio a um crescente acúmulo de desgaste desde o ano passado.
Lira afirmou que Padilha é um “desafeto pessoal” e o chamou de “incompetente”. Padilha rebateu as críticas e disse que não iria “descer ao nível” das acusações do presidente da Câmara. Dias depois, Lula elogiou o trabalho do ministro, responsável pela articulação política do Executivo com o Congresso Nacional, e afirmou que Padilha permanece no cargo “só de teimosia”.
“Quero agradecer o companheiro Padilha, que está em um cargo que parece ser o melhor do mundo nos primeiros seis meses e depois começa a ser um cargo muito difícil. É como um casamento, nos primeiros seis meses é tudo maravilhoso, não sabe os defeitos da companheira, porque a gente está se conhecendo. Mas aí chega um momento que começa a cobrar. Padilha está na fase da cobrança. É o tipo de ministério que a gente troca a cada seis meses, para que o novo faça novas promessas. Mas, só de teimosia, Padilha vai ficar muito tempo, porque não tem ninguém melhor preparado para lidar com a diversidade do Congresso. A gente deixa de ser unanimidade quando a gente começa a ter divergências, mas a vida é assim. Quero dizer do meu reconhecimento pelo trabalho que você faz, que é muito difícil”, declarou o presidente.