PT altera regras e libera reeleição para cargos no partido
Mudanças foram realizadas em reunião na última segunda-feira (17); episódio abriu divergência entre partidários
Brasília|Do R7, em Brasília
Sob o comando da deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), o Partido dos Trabalhadores aprovou na última segunda-feira (17) uma mudança nas regras para renovação de mandatos dos filiados. Agora, com a alteração, os petistas podem se candidatar à reeleição a cargos na legenda sem qualquer restrição. O episódio abriu divergência entre os partidários.
A mudança altera os artigos 32º e 141º do Estatuto do PT. O primeiro diz que serão inelegíveis para cargos em comissões executivas, em qualquer nível, os filiados que tenham sido membros de uma mesma comissão executiva por mais de três mandatos consecutivos ou dois mandatos consecutivos no mesmo cargo.
O segundo, por sua vez, diz que não poderá se apresentar como pré-candidato, para o mesmo cargo, o parlamentar eleito para três mandatos consecutivos na mesma Casa Legislativa, e no caso do cargo de senador, aquele que já tiver sido eleito para dois mandatos consecutivos no Senado Federal.
Esses dois trechos foram alvos de mudança. “O disposto nos artigos 32 e 141 do Estatuto do Partido não se aplicarão ao pleito interno, que será realizado em 6 de julho de 2025, e às eleições parlamentares de 2026, permitindo que dirigentes e parlamentares possam renovar seus mandatos eletivos”, destaca, acrescentando que os textos podem ser debatidos e atualizados conforme a realidade e condições políticas atuais.
A eleição interna do PT será realizada em julho. Um dos principais cotados para substituir Gleisi é Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e que conta com a simpatia de Luiz Inácio Lula da Silva. A atual presidente do PT é cotada para assumir a Secretaria-Geral da Presidência da República, em substituição a Márcio Macêdo.
No aniversário de 44 anos do PT, em 2024, Lula defendeu que a militância da legenda “volte às raízes” e que se empenhe em vencer os desafios das redes sociais no combate às fake news. “Temos que avançar ainda mais, mas sem esquecer de onde viemos”, escreveu o chefe do Executivo na ocasião. Além disso, o presidente diz ser necessária uma renovação do quadro partidário.
“Retornar às nossas raízes, ao mesmo tempo em que nos renovamos para vencer novos desafios da era digital. É preciso percorrer de novo o Brasil, ocupar as ruas, conversar com as pessoas nos bairros, igrejas, locais de trabalho, movimentos sociais, universidades. Jamais perder de vista a sabedoria do povo brasileiro. Mas é preciso também promover o debate nas redes sociais. Combater o ódio, a desinformação e as fake news”, disse o presidente.
Divergência
As mudanças no estatuto abriram divergência entre os filiados do PT. Em seu blog, o dirigente Valter Poma criticou as alterações e relatou que a proposta foi aprovada com 60 votos, sendo registrado 27 votos contrários e 4 abstenções.
“Me abstive porque não reconheço a legitimidade e a legalidade desta votação e desta decisão”, disse Poma. “Entendo as razões de quem defende retirar quaisquer limites para a reeleição de parlamentares. Não concordo com a solução proposta, mas reconheço que o problema existe, causado por regras que são definidas em grande medida por nossos inimigos”, completou.