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R7 Brasília

Sob suspeita de corrupção e superfaturamento, BRT de Paes faliu, avalia ex-deputado

Para Rodrigo Bethlem, BRT foi 'obra mal planejada e mal executada' e Paes deveria tomar atitudes emergenciais

Brasília|Do R7

Passageiros protestam contra a precariedade do transporte público do Rio
Passageiros protestam contra a precariedade do transporte público do Rio

Protesto realizado na manhã desta sexta-feira (11) por passageiros do transporte público do Rio de Janeiro foi apenas mais um de uma série de episódios que demonstram a precariedade do BRT da capital fluminense, que nos últimos meses motivou quebra-quebra e vandalização de ônibus, depredação de estações e greve de motoristas. A revolta da população revela a insatisfação com o serviço prestado pelo BRT, que foi construído sob denúncias de corrupção e superfaturamento. Sem perspectivas de mudança a curto prazo, para o ex-deputado federal e consultor econômico e político Rodrigo Bethlem, o ideal seria que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), reconhecesse que o modelo do transporte faliu e buscasse outra forma de atender a população local.

“O sistema entrou em colapso. O prefeito tem que reformular as linhas ou alugar ônibus, alguma coisa emergencial, pois as pessoas não podem continuar assim. Enquanto isso, ele tem de fazer uma reestruturação completa do BRT. Mudar estações, consertar calhas, fazer um novo BRT. Não adianta comprar ônibus, pois daqui a seis meses eles estarão todos quebrados”, opina.

Veja a seguir os principais pontos da entrevista com Bethlem sobre o BRT do Rio.

Por que o BRT do Rio chegou à situação em que se encontra agora, com vários problemas?


Esse sistema nasceu errado. A licitação feita em 2010 foi parar na Justiça, com o prefeito sendo um dos réus, inclusive. As obras mal planejadas, com algumas das linhas sendo subestimadas. No BRT Transoeste, que é o mais problemático, estimaram até 80 mil passageiros. Mas essa linha já chegou a transportar 130 mil pessoas. As estações foram mal planejadas e elas acabam contribuindo para uma evasão enorme. Muita gente pula as catracas, entra sem pagar, e há casos de vandalismo e depredação.

Alguns corredores do BRT foram construídos em trechos com asfalto comum. Isso mostra que não houve planejamento?


As obras foram muito mal executadas. E, quando a obra é malfeita, as calhas onde os BRTs passam se deterioram com facilidade. Elas ficam com crateras e buracos, e assim os ônibus quebram. A durabilidade de um ônibus, que era para ser de dez anos, é de apenas três ou quatro anos. Eles viram latas velhas. E substituir um ônibus desses não é fácil. Ele é específico, articulado. Tem que comprar encomendado, e é muito caro. É um sistema que nasceu com problema. Foi mal planejado, mal executado. Hoje estamos vendo um cataclisma. O sistema entrou em colapso. É difícil de chamar de transporte público.

O que o prefeito deveria fazer para resolver a situação?


Eles encamparam o sistema, mas não reconhecem o problema. E isso é como uma doença. Se não reconhecerem essa doença, não conseguirão aplicar o remédio certo. É preciso reestruturar o sistema, pois ele foi superdimensionado. As estações são bonitas, mas pouco funcionais. São muito caras. Nós vimos uma sucessão de erros ao longo do tempo. Foi muito bom na inauguração, mas rapidamente se deteriorou. Seis meses após a inauguração, as pistas já estavam com buracos. O que fizeram? Jogaram asfalto em cima do barro. Não tem ônibus que aguente isso. Além disso, o sistema não se sustenta, pois muita gente não paga passagem.

Existe solução para o BRT?

Primeiro, o prefeito tinha que reconhecer que o BRT faliu. O sistema entrou em colapso. As pessoas não conseguem chegar ao trabalho. Está impossível. O transporte público do Rio nunca foi uma maravilha, mas atualmente está no seu pior estágio. O prefeito tem que reformular as linhas ou alugar ônibus, alguma coisa emergencial, pois as pessoas não podem continuar assim. Enquanto isso, ele tem de fazer uma reestruturação completa do BRT. Mudar estações, consertar calhas, fazer um novo BRT. Não adianta comprar ônibus, pois daqui a seis meses eles estarão todos quebrados.

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