Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Brasília

‘Sociedades estarão ameaçadas enquanto não formos firmes’, diz Lula sobre redes sociais

Em fórum em defesa da democracia, presidente brasileiro também pediu regulação da inteligência artificial

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Lula coorganizou evento em prol da democracia Ricardo Stuckert/Presidência da República - 24.9.2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta terça-feira (24) a regulação das plataformas digitais e da inteligência artificial. Em discurso em Nova York, nos Estados Unidos, ao lado de outros chefes de Estado, o petista declarou que as “sociedades estarão sob constante ameaça” sem regulamentação “firme”. O brasileiro afirmou, ainda, que a democracia tornou-se um mero “ritual”, repetido “a cada quatro ou cinco anos”.

LEIA MAIS

As falas ocorreram em um fórum em defesa da democracia organizado por Lula em parceria com o presidente espanhol, Pedro Sánchez. O encontro ocorreu às margens da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), cuja abertura nesta terça (24) contou com discurso do petista.

“As tecnologias digitais ajudam a promover e difundir o conhecimento, mas também agravam os riscos da convivência civilizada entre as pessoas. As redes digitais se tornaram um terreno fértil para discursos de ódio, misóginos, racistas e xenófobos, que fazem vítimas todos os dias. Nossas sociedades estarão sob constante ameaça enquanto não formos firmes na regulação das plataformas e do uso da inteligência artificial”, declarou o brasileiro.

Lula aproveitou para criticar o bilionário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter). “Nenhuma empresa de tecnologia ou individuo, por mais rico que seja, pode se considerar acima da lei. Elas precisam ser responsabilizadas pelo conteúdo que circulam”, acrescentou, sem citar o nome de Musk.


Recentemente, devido ao descumprimento de ordens da Justiça do Brasil e após longo período de embates públicos do bilionário com o sistema judiciário brasileiro — em especial o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes — o X foi suspenso do Brasil.

‘Momento mais crítico’

Lula sugeriu que o fórum em defesa da democracia volte a acontecer mais vezes. Para o presidente, é preciso discutir os erros que levaram à atual conjuntura chamada por ele de “momento mais crítico” desde a Segunda Guerra Mundial. “É extremamente necessário que isso aqui seja apenas o primeiro de uma quantidade de encontros que vamos ter que fazer para discutir a democracia. É inegável que a democracia vive hoje seu momento mais crítico desde a Segunda Guerra Mundial”, apontou.


“A verdade é que democracia como a conhecemos e tal como foi construída, sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial, está perdendo muito espaço. Uma das coisas que poderemos fazer é discutir quais razões pelas quais a democracia está tendo problemas. Onde erramos? O que deixamos de fazer? O que não cumprimos? É um novo desafio para nós”, completou Lula.

‘Caminho mais eficaz’ e esperança para ‘deserdados da globalização’

O brasileiro aproveitou para defender o fortalecimento do papel estatal na garantia de direitos e criticar as desigualdades. “O extremismo é sintoma de uma crise mais profunda, de múltiplas causas. A democracia liberal demonstrou-se insuficiente e frustrou expectativa de milhões. Se tornou apenas um ritual que repetimos a cada quatro ou cinco anos”, lamentou.


“Um modelo que trabalha para o grande capital e abandona os trabalhadores à própria sorte não é democrático. Um sistema que privilegia os homens brancos e falha com as mulheres negras é imoral. Fartura para poucos e fome para muitos em pleno século 21 é a antessala para o totalitarismo”, acrescentou Lula.

O líder brasileiro defendeu que a economia seja “colocada a serviço do povo”. “Nossa luta é fazer com que a democracia volte a ser percebida como o caminho mais eficaz para a conquista e efetivação de direitos. Para devolver esperança a milhões de deserdados da globalização precisamos colocar a economia a serviço do povo”, defendeu.

Lula ressaltou, contudo, que as mudanças propostas não minariam o capitalismo. “Isso não significa acabar com o livre mercado, mas, sim, recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento sustentável e como garantidor do bem-estar e da equidade. A liberdade de expressão é um direito fundamental e um dos pilares centrais de uma democracia sadia, mas não é absoluta — encontra seus limites na proteção dos direitos e liberdade de outros e da própria ordem política”, completou.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.