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Sócio da 123milhas admite vendas com base em previsões e promete ações para ressarcir clientes

Em depoimento à CPI das pirâmides, Ramiro Madureira pediu desculpa aos clientes e detalhou pedido de recuperação judicial

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Ramiro Júlio Soares Madureira, sócio da 123milhas
Ramiro Júlio Soares Madureira, sócio da 123milhas

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, o sócio e administrador da 123milhas Ramiro Júlio Soares Madureira detalhou o modelo de negócio da linha Promo, suspensa em 18 de agosto de 2023. Ele admitiu que eram realizadas vendas com base em previsões, antes mesmo da disponibilização do produto.

"Tínhamos estudos da malha aérea e só oferecíamos aquilo que era de praxe a malha aérea disponibilizar. A gente não vendeu uma rota que não existia", disse o sócio, e completou que havia ressarcimento, em caso de mudanças por parte da empresa aérea. 

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Na análise do presidente do colegiado, deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), há indícios de que a empresa realizou um esquema ilegal de pirâmide financeira. O parlamentar citou a "promessa de retorno exorbitante" a partir de vendas de passagens aéreas muito abaixo do valor praticado no mercado, "necessidade de recrutamento contínuo" e publicidade intensa para viabilizar esse chamamento, além da falta do produto real. 

"A não emissão das passagens vendidas e a não devolução dos valores devidos configuram um verdadeiro calote nos consumidores, tanto que poucos dias após o anúncio da suspensão a empresa pediu recuperação judicial", disse Áureo, e questionou se a diretoria sabia que a estrutura do negócio, análoga à de uma pirâmide, é ilegal. 


Madureira negou a ilicitude da empresa. "Importante dizer que nós não somos uma pirâmide. Somos uma agência de viagens online que vende pacotes, passagens, hotéis e que, nos últimos anos, embarcou mais de 18 milhões de passageiros", disse, e citou que a "linha Promo fez reduzir drasticamente o custo com marketing". 

A agência de viagens 123milhas anunciou em 18 de agosto que não emitiria as passagens "flexíveis", com preço promocional da linha Promo, para viagens entre setembro e dezembro de 2023 e que iria ressarcir os clientes com um voucher, sem a opção de devolução em dinheiro.


Após pedir desculpas públicas aos compradores, o depoente explicou que a decisão não teve uma boa aceitação e desencadeou redução nas vendas de outras linhas, pedido de bancos para antecipar pagamento de vencimentos futuros e cortes em crédito. "Por essa série de eventos que aconteceram, para conseguir ressarcir os consumidores e manter a empresa em funcionamento, foi necessário o pedido de recuperação judicial", disse. 

Sobre a linha Promo, Madureira explicou que havia estudos consistentes que indicavam a sustentabilidade do modelo. "Acreditávamos que o custo diminuiria com o tempo, à medida que ganhávamos eficiência na tecnologia de operação e que o mercado de aviação fosse se recuperando dos efeitos da pandemia." No entanto, ele declarou que o efeito foi oposto e que o mercado "tem se comportado permanentemente como se estivesse em alta temporada, e isso abalou os fundamentos". 

O sócio da 123milhas informou que, por enquanto, a suspensão das viagens recai somente em clientes que efetuaram compras entre setembro e dezembro de 2023. Embarques para outras datas, portanto, continuam contemplados, mas a empresa conta com o andamento da recuperação judicial para isso. 

"Esses clientes da linha promocional serão atendidos dentro do nosso plano de recuperação judicial para ver a melhor maneira de solucionar", afirmou Madureira. Ele completou dizendo que a solução pelo ressarcimento também conta com tratativas com os órgãos públicos e detalhou que a linha Promo representa 15% das operações. "Os outros 85% dos produtos da 123 não serão afetados a princípio."

O comparecimento de Madureira e outros sócios e diretores à CPI ocorre após os depoentes faltarem em duas ocasiões e o presidente da CPI anunciar que requereu à Justiça a condução coercitiva. A primeira convocação estava marcada para 29 de agosto, mas os depoentes não compareceram sob o argumento de que não foram formalmente intimados. Após serem reconvocados, alegaram ter uma reunião agendada no mesmo horário no Ministério do Turismo.

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