"Teve um aditivo pelo aumento da demanda", afirmou Raimundo Nonato Brasil
Pedro França/Agência SenadoO sócio da VTCLog Raimundo Nonato Brasil disse em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta terça-feira (5), que um reajuste de 18% no contrato firmado pela empresa com o Ministério da Saúde em 2018 foi feito devido a um “aumento da demanda” causado pela pandemia.
O contrato em questão foi firmado para a VTCLog prestar serviços de armazenamento e distribuição de insumos, como vacinas e medicamentos, ao ministério. Pelas regras estabelecidas, a empresa transportaria 600 mil itens por ano. Contudo, a VTCLog informou no início de 2021 que estava manipulando uma carga muito maior. Entre novembro de 2018 e janeiro deste ano, por exemplo, a empresa movimentou 8,9 milhões de itens.
Dessa forma, a VTCLog cobrou um reajuste no contrato. O aditivo foi estabelecido em maio deste ano. Ex-diretor do departamento de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias foi o responsável por assinar os termos.
A CPI decidiu apurar eventuais inconsistências nesse reajuste para averiguar se houve algum tipo de favorecimento ilícito a Dias, que é acusado de ter cobrado propina para que o governo comprasse vacinas contra a Covid-19. Raimundo Nonato negou vantagens ao ex-diretor.
Uma análise do aditivo efetuada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) demonstrou que Dias ignorou os termos propostos pelo Ministério da Saúde para reajustar os valores contratuais. De acordo com a área técnica da Pasta, o reajuste correto seria de R$ 1 milhão. A VTCLog, no entanto, pediu R$ 57,7 milhões. Dias apresentou uma contraproposta de R$ 18 milhões, que foi aceita pela empresa.
“Teve um aditivo pelo aumento da demanda. E foi a própria instituição Ministério da Saúde, em virtude da pandemia [que sugeriu]. A empresa apenas acatou uma solicitação da instituição”, disse Raimundo Nonato.
De acordo com ele, o transporte de vacinas foi o principal motivo para que o trabalho da empresa aumentasse. Mesmo com o reajuste, o sócio da VTCLog diz que o ministério ainda está devendo à empresa.
“Agora, com a vacina da Pfizer, já distribuímos 100 milhões da vacina da Pfizer, até agora. E digo aos senhores: tivemos que investir mais de R$ 30 milhões, e, até agora, não recebemos por esse serviço prestado”, afirmou.