Software tipo `CSI`usado no DF permite identificação de corpos que estavam há uma década como indigentes
Ferramenta usa fragmentos de impressões digitais e identifica corpos em minutos
Brasília|Fred Leão, do R7

Uma nova ferramenta em uso pela Polícia do DF promete resolver o problema da demora, muitas vezes de anos, na identificação de corpos na capital. Trata-se do software AFIS (em inglês, Sistema Automatizado de Identificação por Impressão Digital), que permite identificar um corpo por meio de um fragmento de impressões digitais, em poucos minutos, após a chegada ao IML (Instituto Médico Legal).
Antes do uso do AFIS, para indentificar um corpo sem documentos ou reconhecimento de parentes, os papiloscopistas (profissionais que trabalham com identificação humana) precisavam das dez digitais da vítima, o que nem sempre era possível coletar, em função do estado de decomposição dos tecidos. Com essa dificuldade, os corpos ficavam, muitas vezes, por décadas a espera de informações que pudessem levar à identificação.
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Com a nova tecnologia, a polícia conseguiu localizar as famílias de 21 mortos, dentre 535 indigentes falecidos entre 2001 e 2010 e que estavam até hoje sem identificação. Apesar de o número parecer pequeno, é considerado pela polícia como um grande avanço.
O número não é maior em função de um obstáculo. O AFIS só identifica as digitais de quem tem o RG emitido pelo DF, graças ao banco de dados de digitais, que ainda não existe em outras unidades da federação.
A operação que permite a identicação com o uso do AFIS, batizada de Anjo da Guarda, ainda não terminou. O resultado de 21 identificações, portanto, pode aumentar. Em outra etapa da operação, de 463 corpos, foram identificados outros 21,de mortes também ocorridas entre 2001 e 2010.
Segundo Rosalvo Soares, chefe do laboratório de perícias de identificação do instituto, o uso do software agiliza muito o processo.
— Não esperamos pedido das delegacias. Se um corpo chega até aqui, temos que identificar.
Segundo o especialista, cadáveres em estágio de decomposição avançada tornam o processo de identificação difícil, pois os tecidos estão comprometidos. Em casos de mortes recentes, nas quais os tecidos da vítima não estão comprometidos, é possível que um laudo seja concluído em 24 horas, de acordo com o papiloscopista Rubem Sergio Veloso.
Solução criminal
A partir da identificação, é feita também a busca da autoria de crimes, por meio de laudos técnicos destinados à investigação policial. Quando um corpo é identificado, a polícia pode prosseguir em casos que estejam parados pela falta de dados da vítima de um crime, por exemplo.
Além de possibilitar que famílias possam sepultar parentes dados como indigentes, a identificação torna possível requerer seus direitos civis, como a divisão de bens deixados. Casos assim, antes da realização deste tipo de operação, eram tidos pela polícia como desaparecidos.
