Brasília STJ mantém demissão de ex-reitor da UnB acusado de desvio de verbas públicas

STJ mantém demissão de ex-reitor da UnB acusado de desvio de verbas públicas

Afastado pelo MEC em 2015, Mulholland é suspeito de fraudes em contratos com fundações ligadas à administração acadêmica

  • Brasília | Do R7, em Brasília

Demitido pelo MEC em 2015, Mulholland responde por compra de itens superfaturados para mobiliar apartamento

Demitido pelo MEC em 2015, Mulholland responde por compra de itens superfaturados para mobiliar apartamento

Reprodução / TV Record Brasília

Um dos maiores escândalos administrativos da história da Universidade de Brasília (UnB) continua tendo desdobramentos anos depois. Nesta quarta-feira (8), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a demissão do ex-reitor Timothy Mulholland.  Ele foi afastado pelo Ministério da Educação (MEC) após a Controladoria-Geral da União (CGU) verificar possíveis fraudes em contratos entre a universidade e fundações ligadas à administração acadêmica. A demissão do ex-reitor acata a decisão do mandato de segurança (MS 21863), autuado pela Corte em 2015.

Segundo o STJ, um contrato, no valor de R$ 800 mil, destinava-se à prestação de serviços especializados e ao fornecimento de tecnologia para o setor rural. À época, Mulholland passou por um Processo Administrativos Disciplinar (PAD) que concluiu que houve desvios de finalidade no contrato com uma aplicação de R$ 380 mil em despesas distintas com a realidade do projeto, fugindo, assim, das diretrizes previstas no estatuto da Fundação Universidade de Brasília.

Em nota, a Casa informou que a defesa do ex-reitor apontou a ausência de imparcialidade do presidente da comissão processante, em razão de ele também ter ocupado o cargo de presidente em PAD no qual se apuraram outras supostas faltas disciplinares que teriam sido cometidas pelo réu. “O PAD não apontou nenhuma irregularidade capaz de legitimar a aplicação da pena de demissão, deixando de demonstrar quais condutas do ex-reitor teriam caracterizado os ilícitos funcionais imputados a ele”, disse a nota.

O ministro Benedito Gonçalves, relator do mandado de segurança, não considera que o fato de o presidente da comissão processante ter participado de outro PAD, também instaurado contra o ex-reitor, por si só, não o torna suspeito ou impedido. O ministro explicou que a participação de servidor público em mais de uma comissão processante contra o mesmo acusado não ofende as diretrizes da casa.

A Universidade de Brasília informou ao R7 que acompanha e acata todas as decisões da Justiça referentes ao caso do ex-reitor Timothy Mulholland, entendendo que a ampla defesa é um direito assegurado pela Constituição Federal. A reportagem entrará em contato com a defesa para mais informações.

Entenda o caso

Timothy era professor titular do Instituto de Psicologia e esteve à frente na universidade entre 2005 e 2008. Em 2008, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou o então reitor por equipar seu apartamento funcional com recursos públicos. No entanto, havia uma decisão do Conselho Superior da Universidade de Brasília que permitia aos reitores o direito de mobiliar os apartamentos, reformar e estruturar com recursos pagos pelo Fundo de Apoio Institucional (FAI), como, por exemplo, os advindos da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec).

O  MPDFT listou entre os utensílios estavam lixeiras, adquiridas por mais de R$ 2 mil, e ítens de cozinha que somavam mais de R$ 4,5 mil. Timothy renunciou ao cargo em 2008. À época, a direção da Finatec afirmou que os recursos usados no apartamento não saíram do orçamento para pesquisa e extensão científica.

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