Suspeita de perseguir ex-namorado dava dicas de autocontrole
Vídeos da policial em uma palestra sobre autocontrole viralizaram depois de a mulher ser presa por descumprir medida judicial
Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília
A policial civil Rafaela Motta, 40 anos, investigada pelo crime de stalking (perseguição), e por golpear o ex-companheiro com um canivete nas costas e no peito e furar os pneus do carro dele, dava palestras sobre autocontrole. Os vídeos da policial dando dicas viralizaram após ela ser presa novamente na madrugada desta quinta (2) por descumprir uma medida protetiva.
Em um vídeo com pouco mais de seis minutos, a agente destaca que a necessidade de autocontrole é uma questão de "senso comum" e chega a falar de uma briga de casal de namorados que parte para as vias de fato e vai parar na delegacia, como exemplo de falta de controle.
"Imagina dois namorados que têm uma discussão, às vezes boba, se exalta, e daqui a pouco os dois estão se agredindo fisicamente, até o ponto de irem parar em uma delegacia. Se a gente olha para aquilo com um certo afastamento, a gente percebe que ele não teve autocontrole, ela não teve autocontrole. Mas o que podemos diagnosticar é que é preciso trabalhar o autocontrole, que seria trabalhado antes, dia após dia", afirma a policial no vídeo.
Na palestra, Rafaela afirma que o autocontrole é uma virtude que deve ser trabalhada no cotidiano, antes do envolvimento em situações tensas ou de risco como discussões, por exemplo. "Com certeza já fomos provocados para o conflito e provocamos o conflito. No momento da chama, provavelmente você não vai conseguir trabalhar o seu autocontrole", afirma a policial.
"Às vezes, quando isso passa, a gente diz, puxa vida, eu deveria ter me controlado", comenta Rafaela Motta em outro ponto. "Temos que olhar para a situação como se ela nos apontasse algo para trabalhar."
Nas redes sociais, internautas falaram sobre a prisão da policial, que também dava aula em cursinhos preparatórios para concursos. "Quando vi a notícia do stalking, nunca imaginei que pudesse ser essa professora. Na época que comecei a estudar para concursos, aprendi muito com ela. Que pena”, afirmou um estudante.
Rafaela estava em liberdade provisória e descumpriu a determinação da Justiça para que não se aproximasse do ex-namorado. Ela estava no apartamento de um parente e só se entregou aos policiais depois da chegada dos advogados. Na audiência de custódia, um juiz vai avaliar a legalidade da prisão.