Veja quais doenças embasam pedido para Bolsonaro cumprir pena da trama golpista em casa
Defesa e equipe médica argumentam que regime fechado ‘representaria risco à integridade física e à vida’ do ex-presidente
Brasília|Luiza Marinho*, do R7, em Brasília
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A defesa de Jair Bolsonaro, condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 27 anos e 3 meses de prisão pela trama golpista, pediu ao ministro Alexandre de Moraes que o ex-presidente cumpra a pena em regime domiciliar alegando que o estado de saúde dele “representaria risco concreto e imediato à integridade física e à própria vida” caso o ex-presidente seja levado a um presídio comum.
O pedido é sustentado por um relatório médico que descreve um quadro considerado complexo, incluindo sequelas permanentes, múltiplas comorbidades e histórico recente de internações.
Assinado pelos médicos Claudio Birolini e Leandro Santini Echenique, o documento afirma que Bolsonaro “é portador de comorbidades que demandam tratamento medicamentoso contínuo” e que, desde a facada de 2018, apresenta “sequelas permanentes e irreversíveis, incluindo a atrofia parcial, hérnias e danos estéticos da parede abdominal, aderências intestinais e a perda de grande parte do intestino grosso”.
A situação médica do peticionário foi detalhada pelos médicos hoje responsáveis pelos tratamentos a que se submete e demonstrada pelos diversos exames médicos a que tem se submetido. E mostram que um mal grave ou súbito não é uma questão de “se”, mas de “quando”. Nascido em 21 de março de 1955, o peticionário é portador de múltiplas comorbidades graves e crônicas, que exigem tratamento medicamentoso contínuo, acompanhamento multiprofissional e monitoramento médico especializado, sob risco concreto de descompensação clínica
Segundo os médicos de Bolsonaro, ele precisa de monitoramento contínuo da pressão arterial e da frequência cardíaca, bem como de acesso regular a exames laboratoriais e exames de imagem, e acompanhamento multiprofissional.
Os médicos ainda afirmam que o ex-presidente depende de infraestrutura adequada para a administração de medicamentos e realização de consultas e avaliações médicas regulares, inclusive em caráter de emergência, sob o risco de descompensação clínica ou agravamento das doenças de base com severas complicações secundárias.
Doenças alegadas pela defesa
O relatório afirma que o quadro atual é consequência direta do atentado a faca sofrido pelo ex-presidente em 2018. Segundo os médicos, desde então Bolsonaro passou por intervenções de emergência, diversas laparotomias (cirurgias abdominais), reconstrução intestinal, correções de hérnia e internações por suboclusão.
Eles escrevem que a evolução clínica exige vigilância permanente: “A recorrência de tais condições demandará necessariamente o atendimento em ambiente hospitalar.”
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Em abril deste ano, o ex-presidente enfrentou um novo episódio de obstrução intestinal e precisou de cirurgia de urgência para liberação de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal.
Na mesma internação, segundo o relatório, Bolsonaro desenvolveu hepatite desencadeada pelo uso de nutrição parenteral (forma de fornecer nutrientes diretamente na corrente sanguínea) e medicamentos e apresentou soluços incoercíveis, que exigem ajuste diário de medicação com ação no sistema nervoso central.
Dois episódios recentes de pneumonia aspirativa também são citados. “No período de maio de 2025 até a presente data, apresentou dois episódios distintos de tosse, febre e bacteremia, sendo diagnosticado pneumonia aspirativa associada à persistência do quadro de refluxo gastroesofágico.”
“Riscos pulmonares e cardiovasculares”
Sobre o risco pulmonar, o documento enviado pela defesa ao STF reforça que a Doença do Refluxo Gastroesofágico contribui para complicações respiratórias.
“Esta condição está associada a episódios recorrentes de pneumonia bacteriana não especificada/aspirativa.”
Tomografias de 2024 e 2025 confirmam “alterações parenquimatosas pulmonares decorrentes de processo aspirativo crônico”.
A defesa também destaca patologias cardiovasculares: “O peticionante é portador de hipertensão essencial primária, doença aterosclerótica do coração e oclusão e estenose de carótidas.”
Quanto ao câncer de pele, os médicos comentam que é necessário um acompanhamento clínico contínuo.
Defesa
Com base nesse conjunto de diagnósticos, a defesa afirma que o ex-presidente não pode ser mantido em um presídio.
“São circunstâncias que, como se sabe, mostram-se absolutamente incompatíveis com o ambiente prisional comum”, alegam os advogados no documento enviado a Moraes.
Eles argumentam que o ex-presidente depende de estrutura médica especializada para a administração de medicamentos, realização de exames frequentes e atendimento emergencial.
“A manutenção da custódia em ambiente prisional representaria risco concreto e imediato à integridade física e à própria vida do peticionário, motivo pelo qual a concessão da prisão domiciliar em caráter humanitário é medida de rigor.”
O pedido aguarda análise do STF.
*Sob supervisão de Leonardo Meireles
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