'Vítima não pode investigar', diz Rogério Marinho sobre inquérito de Moraes por tentativa de golpe
Investigações da Polícia Federal apontam que o Alexandre de Moraes foi monitorado por assessores deJair Bolsonaro
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes não poderia ser responsável pelo inquérito que investiga supostas tentativas de golpe por ser uma das vítimas apontadas. "Quem é vítima não pode investigar, não tem imparcialidade, não tem isenção pra estar à frente de inquérito", explica.
Investigações da Polícia Federal apontam que o Alexandre de Moraes foi monitorado por assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que planejavam a prisão dele após um golpe de Estado. Outras autoridades — como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro Gilmar Mendes — também teriam sido alvo desse "núcleo de inteligência".
"Não é possível nós assistirmos a uma investigação em que claramente aquele que é vítima, a pretensa vítima dessa ação, é quem conduz o inquérito. Não é possível nós imaginarmos que haverá imparcialidade nesse processo e as ações espetaculares que estão se sucedendo mostram que há uma espécie de método e isso é intolerável pois fragiliza a democracia", completa.
O líder da oposição no senado afirmou, ainda, que a operação na casa do líder do PL Valdemar Costa Neto que terminou na prisão dele é um "contorcionismo jurídico para inibir a oposição brasileira". Ele acredita que a investigação ao "principal partido de oposição" em ano de eleição seria uma manobra para enfraquecer o partido.
Entenda o caso
A PF realizou uma operação nesta quinta-feira (8) em dez estados para apurar a participação de pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do ex-chefe do Executivo no poder.
Entre os alvos, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (GSI) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa).
Valdemar Costa Neto foi preso em flagrante pela PF depois que agentes encontraram uma arma de fogo sem registro na casa do dirigente do partido. Segundo fontes da Polícia federal, a prisão dele não cabe fiança e ele será conduzido à carceragem da corporação.