Zanin diz que juiz precisa seguir as leis, não agradar à opinião pública
Advogado indicado ao STF por Lula afirmou que o clamor da sociedade não pode determinar os rumos de um julgamento
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O advogado Cristiano Zanin, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira (21) que um juiz não pode se deixar levar pela opinião pública nas decisões. Segundo ele, o clamor da sociedade sobre determinado tema não pode interferir na análise de um caso judicial.
Em sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, Zanin afirmou que "a opinião pública tem a legitimidade de se inteirar dos processos, de participar das discussões públicas, mas muitas vezes ela não tem conhecimento do conteúdo dos autos ou das questões técnicas que estão em discussão".
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O advogado destacou que "é preciso, efetivamente, ter muito cuidado para que a voz da opinião pública não seja uma voz determinante no julgamento de um processo ou de uma causa".
"A meu ver, o que deve ser determinante é o conteúdo dos autos e o que diz a Constituição e as leis. O julgador não está numa posição de ter que agradar à opinião pública, ao contrário — muitas vezes, ele tem que ser contramajoritário justamente para poder assegurar o que diz a Constituição e o que dizem as leis", afirmou ele.
Durante a sabatina, Zanin declarou que um juiz "deve prezar pelo equilíbrio, pela temperança e pela posição equidistante, ou seja, a mesma distância das partes".
"O magistrado tem que, na minha visão, ouvir em condição de igualdade as duas partes e, de forma equidistante, formar o seu juízo, formar a sua convicção, sempre com muito equilíbrio na atuação. O magistrado, na minha visão, não é um protagonista, não é, não deve ser um protagonista do processo, mas sim alguém que vai, com muito equilíbrio e temperança, coletar os argumentos nos autos e proferir a sua decisão."