Indústria de carros pode paralisar produção? Entenda

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) alertou para o risco de paralisar a produção de veículos devido à falta de chips. Segundo a associação, as montadoras podem suspender as atividades em duas semanas caso o impasse não seja resolvido.

Um carro moderno usa em média de mil a 3.000 chips. A possível paralisação coloca 1,3 milhão de empregos em jogo na cadeia automotiva. A falta das peças é causada pela disputa global pelo controle de tecnologia de semicondutores e terras raras.

Antônio Martins, professor e coordenador da área automotiva da FGV, diz que o problema tem natureza geopolítica, não operacional, e é fruto da tensão entre Estados Unidos e China.

“Os Estados Unidos fizeram o starter do processo ao proibir a exportação de chips com muita tecnologia para a China, e hoje a China tenta retrucar essa estratégia dos Estados Unidos, minimizando as exportações de terras raras”, explica.

Apesar da crise, Martins afirma que as montadoras importaram itens o suficiente para não cessar a produção. “Problemas de produção de curto prazo não tendem a acontecer nem no Brasil, nem em outras partes do mundo, a não ser que sejam provenientes de aspectos comerciais que possam afetar algumas montadoras instaladas no mundo”, analisa o professor.

A China concentra grande parte das terras raras no mundo, mas o Brasil detém uma quantidade expressiva do bem. Mesmo com a disposição do recurso, o país ainda não consegue ser autossuficiente na produção dos chips.

“O problema crítico não é só o dispor das terras raras, o problema é ter o refino, ter todo o investimento, que é de médio a longo prazo, para que se possa usufruir dessas terras raras dentro das características técnicas necessárias para o uso produtivo. Isso demanda tempo”, conclui o docente.

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