O Toyota Corolla é definitivamente um ponto fora da curva em seu segmento. Pode não ser o melhor, ou o mais sofisticado dos sedãs médios à venda no Brasil, mas, de alguma maneira, entra ano, sai ano, e o modelo lidera as vendas com folga. O único que o destronou nesta década foi o arquirrival Honda Civic, em 2013, quando o sedã da Toyota estava realmente defasado — e o Honda estreara nova geração. De resto, tem sido uma lavada do Corolla. O sedã produzido em Indaiatuba (SP) vende quase o dobro do novo Civic. Mesmo quando observamos o ranking geral de vendas, é impressionante ver o desempenho do Corolla. Em 2016, vendeu quase 65 mil unidades, enquanto o Civic somou 20 mil emplacamentos. Foi o quinto colocado no ano, atrás apenas de compactos de entrada — só perdeu para os Chevrolet Onix e Prisma, o Hyundai HB20 e o Ford Ka. É necessário dizer que o Toyota já carecia de renovação. Todos os adversários foram renovados, ficando mais caros, enquanto o sedã da marca japonesa, menos moderno, oferecia oportunidades. De qualquer maneira, não há como negar: o Corolla é um fenômeno de vendas, e a Toyota vem jogando o jogo direitinho. Esperou até onde pôde para atualizar o sedã, que acaba de receber o visual mais moderno do modelo europeu, além de um reforço significativo na lista de equipamentos. De uma só vez, o modelo passa a trazer de fábrica itens que sequer eram oferecidos como opcionais. São eles os controles de estabilidade e de tração, e o assistente de saída em subidas, que impede que o sedã desça nas saídas em ladeiras. O Corolla também passa a contar com sete airbags desde a versão de acesso GLi. No quesito segurança, praticamente se equipara aos demais modelos da faixa dos R$ 100 mil, passando a ter uma relação custo/benefício mais interessante. A Toyota também percebeu que o sedã carecia de uma cabine mais requintada, afinal, a categoria subiu de nível. Dessa forma, alterou algumas peças e acrescentou molduras em black piano e partes macias ao toque no painel, que combina duas cores. O resultado convence.Mas será que o Corolla vale tanto assim? Neste primeiro contato com a linha 2018, aceleramos a versão intermediária XEi, que é a mais vendida no Brasil. Custa R$ 99.990 e já sai de fábrica com pacote bem completo de equipamentos (veja a ficha). Um dos pontos fortes do modelo é o conjunto mecânico, considerado dos melhores. Combina motor 2.0 16V flex de até 154 cv e câmbio automático do tipo CVT, com sete marchas virtuais, paddle-shifts no volante e modo Sport. Não houve qualquer alteração no powertrain, que tem nota A de consumo no Inmetro. Para esta faixa de preço, digamos que este novo Corolla está adequado. Não tem o motor mais moderno dentre os rivais, mas conta com um dos melhores câmbios do mercado e oferece desempenho satisfatório. Na cidade e na estrada, o motor trabalha em rotações bem baixas e a transmissão faz trocas suaves e rápidas, dando agilidade e evitando que o ronco do 2.0 invada a cabine. Só no modo Sport o sedã fica mais ruidoso, mas há de se reconhecer, a Toyota isolou bem a cabine, que mantém um silêncio aconchegante. Quando requisitado, o Corolla responde muito bem, mesmo sem oferecer desempenho tão agudo. Na verdade, o Corolla 2018 é exatamente como o anterior. Não sobra, nem falta. Por sinal, quase tudo no sedã é assim, racional e equilibrado. Só o espaço interno é realmente generoso. São 2,70 metros de entre-eixos por 1,77 metro de largura, medidas que fazem da cabine uma das maiores do segmento. O porta-malas também pega carona nas dimensões avantajadas, com até 470 litros de capacidade volumétrica. Em consumo, nossa experiência passou ao largo dos números do Inmetro. O máximo que obtivemos foi uma média de 6,9 km/l com gasolina em ciclo misto. Com etanol, o rendimento foi ainda pior: 6,2 km/l. As marcas não são parâmetro, uma vez que a unidade estava zerada, com menos de 200 km no odômetro, e o trânsito pesado em São Paulo (capital) não ajudou. Mesmo assim, a diferença foi grande. Oficialmente, são 10,6 km/l (cidade) e 12,6 km/l (estrada) com gasolina, e 7,2 km/l e 8,8 km/l com etanol.Considerações finais Com as atualizações de estilo e o reforço na lista de equipamentos, o Toyota Corolla certamente vai chamar a atenção nas ruas e despertar desejo em sua clientela fiel. Apesar de não ter recebido alterações significativas de engenharia, o sedã teve a suspensão levemente aumentada, para reforçar conforto a bordo. A mexida, porém, não alterou o comportamento dinâmico, que segue sólido e seguro. A marca japonesa também mexeu na calibração da direção elétrica, deixando as respostas do volante um pouco mais diretas. As mudanças refinaram o Corolla, que também está mais interessante na cabine, com materiais de melhor aparência e macios ao toque. Some-se a isso a inclusão de itens de segurança antes ausentes, como os controles de estabilidade e de tração, eos sete airbags, e temos um sedã bem mais interessante. Na linha 2018, a versão XEi é a que possui melhor relação custo/benefício. Mesmo assim, faltaram os faróis full LED, disponíveis apenas nos modelos mais caros (XRS e Altis), e o freio de mão elétrico, por botão. A central multimídia também desaponta um pouco. Apesar de oferecer GPS, leitor de CD (item em extinção) e câmera de ré, tem um software um tanto lento, possui todos os botões sensíveis ao toque (não tem botão físico), traz apenas uma entrada USB e não conta com as plataformas Apple Carplay e Google Android Auto, que conversam melhor com os smartphones. Outro ponto fraco é o ar-condicionado, que ganhou layout mais chique, em black piano, mas tem apenas uma zona. São detalhes presentes no novo Civic. Entre erros e acertos, o fato é que a Toyota mexeu onde era extremamente necessário. O design é indiscutivelmente mais moderno, passa a ideia de sofisticação. E a lista de equipamentos agora é aceitável. Não há refinamentos como suspensão traseira com braços múltiplos ou sistemas semiautônomos, como monitor de ponto-cego, alerta de colisão frontal e assistente de permanência em faixa, já disponíveis no Chevrolet Cruze. Ao mesmo tempo, o Corolla evoluiu o suficiente para seguir líder. No ano em que o sedã completa 50 anos, é o que importa.FICHA TÉCNICAToyota Corolla XEi 2.0 flex Multidrive S CVTMotor: 2.0 16V, comando duplo variável, flexPotência: 143 cv a 6.000 rpm (G) e 154 cv a 5.800 rpm (E)Torque: 18,6 kgfm (G) e 20,7 kgfm (E) a 4.800 rpmCâmbio: Automático CVT com 7 marchas virtuais, paddle-shifts e modo SportDireção: Assistência elétrica; tração dianteiraSuspensão: Dianteira McPherson, traseira por eixo de torçãoFreios: Discos ventilados na frente e sólidos atrásRodas e pneus: 215/50 R17Dimensões: 4,62 m (comp), 1,48 m (alt), 1,77 m (larg), 2,70 m (entre-eixos)Tanque de combustível: 60 litrosCapacidade do porta-malas: 470 litrosPeso: 1.335 kg (ordem de marcha)Principais equipamentos: Ar-condicionado digital, sete airbags (duplos frontais, laterais, de cortina e para os joelhos do motorista), ABS com EBD, controles eletrônicos de estabilidade e tração, assistente de saída em subidas, chave presencial com partida por botão, faróis e lanternas com LEDs diurnos, luzes de neblina, bancos e volante forrados em couro, retrovisor eletrocrômico, retrovisores rebatíveis, rodas de liga leve de 17 polegadas, sensores de obstáculos dianteiros e traseiros, central multimídia com tela touch de 7 polegadas, rádio/CD, Bluetooth, GPS, câmera de ré integrada e entradas auxiliar e USB, controle de cruzeiro, computador de bordo, alarmePreço: R$ 99.990Veja a Record na internet pelo R7 Play