‘Antes tinha uma casa, agora não tenho’, diz mulher que se recusou a deixar animais para trás
Gaúchos atingidos pelas enchentes relatam a dificuldade de recomeçar a vida depois da tragédia
Cidades|Bruna Lima, do R7, enviada especial a São Leopoldo e Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
“Foi rápido. A água estava tapando os nossos pés e, quando a gente viu, já estava no forro. A gente viu a nossa casa ser tomada”. O relato é de Gicele Cristina Lima da Silva, manicure de 57 anos, uma das pessoas que buscou acolhimento em um dos 88 abrigos de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Ela conta que foi para a casa do vizinho, que tinha um sobrado, depois que o local que ela morava foi inundado.
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Gicele conta que ela e os familiares decidiram não evacuar antes que os animais de estimação também pudessem ser levados. “Decidimos que sem os animais, a gente não ia sair”, enfatiza. Segundo ela, um barco chegou para fazer o transporte de todos quando faltava apenas um degrau para a água alcançar o lugar que a família estava.
“Perdemos tudo”, desabafa. A história de Gicele se repete nos relatos contados pelas pessoas que se refugiam das chuvas do estado. Segundo o boletim mais recente da Defesa Civil, da manhã deste domingo (12), são 143 mortos e 125 desaparecidos por causa das chuvas. Ao menos 2 milhões de gaúchos foram atingidos.
As inundações ocorrem desde o início do mês e atingem especialmente Porto Alegre e municípios da região metropolitana, como Eldorado do Sul e Canoas. Equipes de resgate e voluntários trabalham sem intervalo para socorrer moradores ilhados e animais domésticos.
Prejuízos econômicos
No aspecto econômico, as inundações provocaram até essa quarta-feira (8) prejuízo de R$ 6,3 bilhões, segundo a CNM (Confederação Nacional de Municípios). Conforme levantamento da entidade, mais da metade desse valor — R$ 3,4 bilhões — corresponde a danos a residências. “Até o momento, foram registrados impactos em 61,4 mil habitações, das quais 55,2 estão danificadas e 6,2 mil destruídas”, afirma a Confederação, em nota.
No setor produtivo, os principais setores afetados foram a agricultura, que tem perda estimada de R$ 594,6 milhões; a pecuária, com prejuízos de R$ 147,7 milhões; e a indústria, com baixa de R$ 183,3 milhões. Comércios locais tiveram ao menos R$ 38,5 milhões de prejuízo e, o setor de serviços, R$ 58,2 milhões.