Logo R7.com
RecordPlus
Notícias R7 – Brasil, mundo, saúde, política, empregos e mais

Ativista e viúva de Marighella, Clara Charf morre aos 100 anos

Ela estava hospitalizada havia alguns dias e foi intubada, segundo comunicado da Associação Mulheres Pela Paz, da qual era fundadora

Cidades|Da Agência Brasil

  • Google News

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Clara Charf, viúva de Carlos Marighella, morreu aos 100 anos por causas naturais.
  • Ela foi fundadora e presidente da organização Associação Mulheres Pela Paz, deixando um legado de lutas pelos direitos humanos.
  • Clara sofreu perseguições durante a ditadura militar, sendo presa e vivendo em exílio por dez anos após a morte do marido.
  • Após retornar ao Brasil em 1979, continuou sua batalha pelos direitos das mulheres e atuou na candidatura ao Prêmio Nobel da Paz de mil mulheres ativistas.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Para a organização, Clara “deixa um legado de lutas pelos direitos humanos e equidade de gênero” MDHC/Divulgação

A ativista brasileira Clara Charf, viúva de Carlos Marighella, morreu nesta segunda-feira (3), aos 100 anos, de causas naturais. Ela estava hospitalizada havia alguns dias e foi intubada, segundo comunicado da Associação Mulheres Pela Paz, da qual era fundadora e presidente.

Para a organização, Clara “deixa um legado de lutas pelos direitos humanos e equidade de gênero”.


“Clara foi grande. Foi do tamanho dos seus 100 anos. Difícil dizer que ela apagou. Porque uma vida com tamanha luminosidade fica gravada em todas e todos que tiveram o enorme privilégio de aprender com ela. Vá em paz, querida guerreira.”

Leia também

Clara foi uma mulher à frente de seu tempo e teve de se reinventar e vencer enormes obstáculos ao longo de sua vida, principalmente aqueles ligados a seu companheiro, que foi perseguido e morto pela ditadura militar.


Na década de 1940, Clara se tornou comissária de bordo, mas desde muito cedo – aos 16 anos – participava ativamente da vida política do país.

Entrou para o Partido Comunista Brasileiro e, em 1947, se casou com Marighella. Assim como ele, ela também foi perseguida e presa pelo governo ditatorial.


Vida no exílio

Após a morte de seu marido, Clara foi para o exílio, inicialmente em Cuba. Devido à perseguição, ela viveu dez anos fora do país, retornando em 1979, durante a anistia.

No retorno ao Brasil, Clara atuou fortemente na luta pelos direitos das mulheres, pela liberdade e por uma sociedade mais justa e igualitária.


Em 2005, Clara Charf passou a coordenar no Brasil o movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, que nasceu na Suíça.

A ideia foi promover a indicação coletiva de mil mulheres para o Prêmio Nobel da Paz de 2005. No Brasil, seria preciso escolher 52 mulheres ativistas.

Clara era a mais velha de três irmãos, nasceu em Maceió (Alagoas), depois que os pais, judeus russos, fugiram da Europa.

O pai, Gdal, trabalhou como mascate. Mesmo assim, Clara conseguiu aprender inglês e piano. A família mudou-se para Recife, onde a comunidade judaica já havia se estabelecido. Na capital pernambucana, a matriarca Ester morreu de tuberculose com apenas 40 anos.

Diante das dificuldades da família, a filha mais velha foi para o Rio de Janeiro com 20 anos. Filiou-se ao Partido Comunista em 1946, onde conheceu Marighella.

Clara foi vender jornal em um bonde, mas seu pai não viu com bons olhos essa atividade, nem depois o namoro com o comunista não-judeu.

Graças ao conhecimento do idioma inglês, conseguiu uma vaga para ser comissária de bordo.

A união do casal fez com que ambos lutassem juntos em ideais de transformação do Brasil durante a ditadura.

Após o exílio, ela foi candidata a deputada estadual, em 1982, pelo Partido dos Trabalhadores. Teve 20 mil votos, mas não se elegeu, o que não a impediu de continuar sua luta por um Brasil mais igualitário e justo.

Clara Charf deixa um imenso legado com projetos de conscientização pelos direitos das mulheres, batalha que travou ao longo de sua vida.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da RECORD, no WhatsApp

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.