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Brasil perdeu 33% das áreas naturais entre 1985 e 2023, diz MapBiomas

Regiões incluem vegetação nativa, superfície de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas

Cidades|Do R7, em Brasília


Brasil ainda tem 64,5% do território coberto por vegetação nativa Reprodução/Agência Brasil/Arquivo

Novos dados do MapBiomas divulgados nesta quarta-feira (21) mostram que o Brasil perdeu 33% das áreas naturais entre 1985 e 2023. Segundo os pesquisadores, metade da área de vegetação nativa perdida no período analisado está na Amazônia, um dos estabilizadores do clima no continente. Ao todo, as perdas chegam a 55 milhões de hectares. Áreas naturais incluem vegetação nativa, superfície de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas.

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Segundo o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, a perda de vegetação nativa tende a impactar negativamente a dinâmica do clima regional e diminui o efeito protetor durante eventos climáticos extremos. “Em síntese, representa aumento dos riscos climáticos. Uma parte significativa dos municípios brasileiros ainda perde vegetação nativa; mas, por outro lado, quase um terço dos municípios brasileiros está recuperando áreas de vegetação nativa”, afirma.

Ao todo, o Brasil ainda tem 64,5% do território coberto por vegetação nativa. Em 1985, eram 76%. As áreas mais preservadas do Brasil continuam sendo as terras indígenas, que cobrem 13% do território nacional. De 1985 a 2023, elas perderam menos de 1% de sua área de vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas a perda foi de 28%.

Biomas

Amazônia

A Amazônia foi o bioma que mais perdeu regiões de vegetação nativa, com uma redução de 55 milhões de hectares, ou seja, 14% no período analisado. Em segundo lugar, aparece o Cerrado, com 38 milhões de hectares, o que aponta uma queda de 27%.


Com isso, a Amazônia brasileira tem hoje 81% do território coberto por florestas e vegetação nativa — o que a coloca muito próxima da margem estimada pelos cientistas para o ponto de não retorno, que gira em torno de 80% e 75% de vegetação nativa. Esse percentual inclui os 8,1 milhões de hectares (3%) de vegetação secundária, ou seja, que cresceu novamente após ser desmatada.

Cerrado

No Cerrado, 38 milhões de hectares de vegetação nativa foram suprimidos entre 1985 e 2023 — uma queda de 27%. Dez por cento do Cerrado (9,7 milhões de hectares) são cobertos por vegetação secundária. Em área total, Amazônia e Cerrado são os biomas que mais perderam área de vegetação nativa.


Pampa

No caso do Pampa, a perda entre 1985 e 2023 foi de 28% (3,3 milhões de hectares). Um dos destaques é que um quarto da vegetação nativa remanescente do Pampa (26%, ou 2,1 milhões de hectares) é secundária.

Proporcionalmente em relação ao próprio tamanho, Cerrado e Pampa são os biomas que mais perderam área de vegetação nativa.


Pantanal

No Pantanal, a redução mais acentuada foi na superfície de água, que passou de 21% em 1985 para 4% em 2023. Como consequência, as áreas de vegetação herbácea e arbustiva aumentaram de 36% em 1985 para 50% do bioma em 2023 — mas apenas 2% da cobertura vegetal do Pantanal (200 mil hectares) são de vegetação secundária.

Caatinga

A Caatinga perdeu 14% de vegetação nativa (8,6 milhões de hectares) entre 1985 e 2023, enquanto quase um quarto do bioma (23%, ou 11,5 milhões de hectares) já é de vegetação secundária.

Mata Atlântica

A perda de vegetação nativa na Mata Atlântica foi de 10% (3,7 milhões de hectares) em 39 anos. Com isso, as formações florestais decresceram de 28% para 26% no bioma. As atividades agropecuárias, por sua vez, passaram de 63% para 65%.

Regiões

Ao nível nacional, 18% dos municípios tiveram estabilidade entre 2008 e 2023, ou seja, locais onde o ganho e a perda da vegetação foram menores que 2%.

Os estados com maior proporção de municípios com ganho de vegetação nativa são o Paraná (76%), Rio de Janeiro (76%) e São Paulo (72%). Já os estados com maior proporção de municípios com perda de vegetação são Rondônia (96%), Tocantins (96%) e Maranhão (93%).

“As florestas no Brasil são muito diversas, com características e espécies típicas de cada região, que estão sujeitas a diferentes graus de ameaça. Esta diversidade deve ser levada em conta nas políticas públicas para conservação e bioeconomia dessas florestas”, acrescenta Eduardo Vélez, do MapBiomas.

Agropecuária

Em 1985, 48% dos municípios tinham o predomínio da agropecuária; enquanto em 2023, esse predomínio chegou a 60% dos municípios. A área de pastagem expandiu 79%, ou 72,5 milhões de hectares a mais em relação a 1985, e a de agricultura cresceu 228%, ou um acréscimo de 42,4 milhões de hectares.

A agropecuária passou de 28% para 47% no Cerrado; de 28% para 45% no Pampa; de 3% para 16% na Amazônia; de 5% para 17% no Pantanal; de 28% para 38% na Caatinga; e de 63% para 65% na Mata Atlântica.


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