Incêndios em biomas aumentam em 2024; Pantanal tem maior alta, e focos crescem sete vezes
Pantanal teve um aumento de 639% nos focos de incêndio de janeiro a outubro, passando de 1.933 no ano passado para 14.292 em 2024
Cidades|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
Entre janeiro e outubro de 2024, o Brasil registrou um aumento significativo nos focos de incêndio em seus principais biomas. Comparando com o mesmo período de 2023, o Pantanal apresentou um crescimento de 639%, a Amazônia teve alta de 51%, e o Cerrado registrou um aumento de quase 70%, segundo dados divulgados pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
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Em outubro, o número de incêndios na Amazônia foi 11% superior à média dos últimos cinco anos, enquanto o Pantanal superou a média histórica em 35%. Já o Cerrado, embora em alta no acumulado do ano, teve uma queda de 20% em outubro.
“A destruição causada pelos incêndios ameaça diretamente nossa biodiversidade e intensifica as mudanças climáticas ao liberar grandes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera”, afirma Alexandre Prado, especialista em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil. Ele destaca que a proximidade da COP29, em Baku, no Azerbaijão, traz uma oportunidade importante para discutir soluções urgentes.
Segundo Prado, o evento oferece uma plataforma essencial para a adoção de políticas de proteção aos ecossistemas, restaurando áreas degradadas e incentivando práticas sustentáveis. Ele ressalta a necessidade de cooperação global para promover a conscientização sobre a importância da biodiversidade e da conservação ambiental. “Somente com ações conjuntas poderemos mitigar os impactos dos incêndios e proteger o futuro do nosso planeta”, enfatizou.
De acordo com a especialista em Conservação do WWF-Brasil, Helga Correa, o aumento dos incêndios é um dos resultados da pressão extrema sobre os biomas produzida pela ação humana.
“O alarmante cenário apresentado pelo Relatório Planeta Vivo evidencia a urgência de ações efetivas para reverter a perda de biodiversidade e os impactos das mudanças climáticas. A redução média de 73% nas populações de vida selvagem monitoradas em apenas cinco décadas é um sinal claro de que nossos ecossistemas estão sob pressão extrema, resultado de atividades humanas como queimadas e desmatamento”, afirma Helga.
Segundo ela, as conferências climáticas são uma oportunidade para que os países se unam em torno de compromissos globais de proteção ambiental.
“Essas negociações não são apenas relevantes para a conservação de espécies, mas também essenciais para a saúde e o bem-estar da humanidade, uma vez que dependemos de ecossistemas saudáveis para a manutenção da água, do ar puro e da produtividade agrícola”, declara.
Incêndios por bioma em 2024
Amazônia: De janeiro a outubro, a Amazônia registrou 120.821 focos de incêndio, um aumento de 51% em relação a 2023 e o maior índice desde 2007. Em outubro, embora os focos tenham sido 26,7% menores do que no mesmo período do ano passado, ainda ficaram 11,2% acima da média dos cinco anos anteriores.
Cerrado: Com 76.655 focos registrados até o final de outubro, o Cerrado teve um aumento de 69,5% em relação a 2023. O índice atual é o mais alto para o período desde 2012. Em outubro, foram detectados 8.024 focos, uma queda de 4,1% em comparação ao ano anterior e 20% abaixo da média dos cinco anos anteriores.
Pantanal: O Pantanal teve um aumento de 639% nos focos de incêndio, passando de 1.933 no ano passado para 14.292 em 2024. Esse número é o segundo maior já registrado desde o início do monitoramento, em 1998, ficando atrás apenas de 2020, ano em que mais de 30% do bioma foi devastado. Em outubro, o Pantanal registrou 2.437 focos, um aumento de 110% em relação ao mesmo mês do ano anterior e 35,3% acima da média dos cinco anos anteriores.