O ministério da Justiça e Segurança Pública não vai prorrogar novamente a atuação da Força Nacional nas buscas dos dois detentos que escaparam da penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró. A informação foi confirmada pelo secretário de Políticas Penais, André Garcia. O R7 vem tentando contato com a pasta, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para posicionamento. A Força Nacional passou a participar das operações de busca em 23 de fevereiro. Em 20 de março, o ministro Ricardo Lewandowski prorrogou até o próximo sábado (30) uso dos profissionais de segurança pública na operação. Garcia disse ao JR Entrevista que não vai haver propriamente uma desmobilização. "O que está sendo planejado é uma mudança de estratégia. Mantendo as forças locais fazendo os trabalhos de execução de buscas e ao mesmo tempo intensificando as investigações. Porque nós acreditamos que vamos, com as investigações, com o trabalho de inteligência policial, realizar a recaptura dos dois", afirmou. Os fugitivos Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça são suspeitos de ter ligações com a facção Comando Vermelho, no Acre, onde o grupo domina as operações criminosas e onde a dupla estava presa até setembro do ano passado. Eles já foram vistos em diversas ocasiões. No entanto, os investigadores não conseguem capturá-los. Mais de 600 agentes estão à procura dos detentos. Os investigadores concentram as buscas entre Mossoró e Baraúna, cidades separadas por uma distância de cerca de 35 km. A Polícia Federal passou a oferecer uma recompensa de R$ 30 mil por informações que levem à captura dos foragidos. Especialistas em segurança pública ouvidos pelo R7 avaliam que falhas estratégicas e demora para reação dificultam a captura dos dois fugitivos. Os detentos escaparam na madrugada em 14 de fevereiro, mas, segundo nota divulgada pelo ministério da Justiça no início do mês, a PF (Polícia Federal) e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) chegaram em Mossoró dois dias depois, na manhã de 16 de fevereiro. Para o especialista em segurança pública Leonardo Sant'Anna, entre os fatores que podem ter relação com as dificuldades de captura dos presos está a demora até que a fuga fosse percebida na penitenciária. "Essa demora é extremamente prejudicial, caso se queira fazer uma captura em um curto espaço de tempo", afirmou. Sant'Anna aponta ainda a demora até que as forças se reuniram para realizar a busca. "Esses elementos, realmente, colocam as instituições públicas em uma situação extremamente delicada", avalia. Para o também especialista em segurança pública Antônio Testa há indícios de que houve conivência de pessoas de dentro do sistema prisional para a fuga. "Em teoria, eles estavam incomunicáveis. Então, para eles organizarem uma fuga, eles teriam que ter se comunicado com alguém", acrescenta. Leonardo Sant'Anna destacou também a necessidade de um gerente de crise. "Uma pessoa com experiência de campo, para administrar as diversas forças de segurança utilizadas nesse processo. Sem isso, não é possível fazer muita coisa", diz. "É chato dizer isso, mas existem algumas instituições que desejam protagonismo, desejam ser as donas da operação. Não é hora para isso. Então, as vaidades, os egos, precisam ser muito bem controlados por alguém que consiga conduzir uma operação dessa magnitude", afirma.• 16/2 Moradores disseram ter visto a dupla em diversas ocasiões. Dois dias após a fuga, Deibson e Rogerio teriam feito uma família refém, na zona rural de Mossoró. Neste dia, a polícia também encontrou pegadas, calçados, roupas, lençóis e uma corda, além de uma camiseta do uniforme da penitenciária, em uma área de mata.• 22/2 Três pessoas foram presas em flagrante por supostamente terem facilitado a fuga dos detentos.•23/2 O primeiro grupo da Força Nacional, em missão pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, iniciou suas operações em Mossoró (RN). Os agentes vêm colaborando com a Polícia Federal em bloqueios de rodovias para auxiliar na busca e captura de dois fugitivos do presídio federal na região.• 26/2 Um homem identificado como Ronaildo da Silva Fernandes foi preso por suspeita de ajudar os fugitivos. Ele é dono de um sítio em Baraúna, município na zona rural do RN que fica na divisa com o Ceará, e teria recebido R$ 5 mil para abrigar Deibson e Rogerio por oito dias.• 27/2 Os fugitivos foram vistos em um vilarejo no Rio Grande do Norte. Segundo informações obtidas pela RECORD, os moradores do local reconheceram Deibson e Rogerio, que voltaram para a mata antes da chegada da polícia.• 1º/3 Durante a madrugada, a Polícia Federal acionou helicópteros, drones, equipamentos que captam calor humano e cachorros farejadores, que sentiram o cheiro dos fugitivos e percorreram 600 metros, mas sem êxito. Àquele momento, as autoridades acreditavam que os foragidos estavam perdidos e sem ajuda, já que os rastros indicavam que estavam voltando para o estado, em vez de tentar fugir.• 3/3 Forças de segurança cercaram uma fazenda em Baraúna, após moradores da região relatarem ter visto os foragidos durante a madrugada. Os dois teriam invadido uma propriedade rural e agredido um agricultor. De acordo com policiais que participam das buscas, os detentos roubaram outros moradores.• 20/3 O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, prorrogou a atuação da Força Nacional em Mossoró (RN) por 10 dias. A portaria com a medida foi publicada no Diário Oficial da União.