Número de viagens feitas por brasileiros sobe 71% após pandemia, mostra IBGE
País teve, ao todo, 21,1 milhões de viagens em 2023; estudo mostra que 97% dos deslocamentos foram feitos para destinos nacionais
Cidades|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília
Os brasileiros fizeram, ao todo, 21,1 milhões de viagens em 2023. Esse número é 71,5% maior do que o registrado em 2021, durante a pandemia de Covid-19, quando foram realizadas 12,3 milhões de viagens. Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua — Turismo 2023, divulgada nesta sexta-feira (13) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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Em 2020, no primeiro ano da pandemia, foram feitas 13,6 milhões de viagens no país.
O levantamento mostra que apenas, no ano passado, em 15,3 milhões (19,8%) de domicílios particulares permanentes houve ocorrência de viagem de ao menos um morador. Esse número representa um aumento de 68,1% em relação a 2021, quando houve incidência de viagem em 9,1 milhões de lares brasileiros (12,7% do total).
Destino das viagens
Segundo o estudo, 97% das viagens foram feitas para dentro do país. Em 2023, foram realizadas 641 mil viagens internacionais, mais que o dobro do número registrado em 2020 (276 mil viagens) e mais de sete vezes o número observado em 2021.
A região Sudeste, a mais populosa do Brasil, foi a origem da maior parte das viagens feitas em 2023, com 45,9% do total das viagens, seguida pelo Nordeste, com 22%, e Sul, com 17,1%. O Centro-Oeste e Norte foram origem de 8,2% e 6,8%, respectivamente, das viagens realizadas no país.
Com relação ao destino das viagens, as regiões Sudeste (43,4%) e Nordeste (25,3%) apresentaram os maiores percentuais de destino das viagens. Na sequência, as regiões Sul (17,4%), Centro-Oeste (7,5%) e Norte (6,4%) apresentaram as menores participações.
Meio de transporte utilizado
Durante o período da pandemia de Covid-19, nos anos de 2020 e 2021, o percentual de viagens em meios de transporte não coletivos, como carro particular ou de empresa, com 57,5% e 57,2%, respectivamente, foram maiores que em 2023, quando este meio de transporte foi de 51,1%.
As viagens de avião que foram pouco superiores a 10% em 2020 e 2021, chegaram a 13,7% em 2023, bem como nas viagens de ônibus, que também apresentaram aumento no ano passado.
Viagens profissionais
As viagens profissionais para negócio ou trabalho, apesar do crescimento das ocorrências, apresentou redução na sua participação. Assim, em 2021, o país registrou 1,5 milhão de viagens para negócio ou trabalho, o que representava 87,7% das viagens profissionais. Em 2023, esse número chegou a 2,4 milhões, sendo esse valor 82,4% das viagens profissionais.
O IBGE informa que esse aumento ocorreu após o fim das restrições de viagens, estabelecidas por autoridades sanitárias ou assumidas pelas pessoas.
Já a redução da proporção é explicada pelo aumento das viagens para eventos e cursos para desenvolvimento profissional, outra subcategoria das viagens profissionais, que foi de 95 mil viagens (5,3%) em 2021, para 350 mil viagens (11,6%) em 2023, um aumento de 268,4%.
Viagens pessoais
Já entre as viagens de cunho pessoal, aquelas que tinham como motivo o lazer ou visita ou evento de familiares e amigos foram em média 71,5% do total de viagens no ano passado.
As viagens para tratamento médico ou consulta médica foram motivo de 19,8% do total das viagens em 2023, percentual muito próximo ao do ano de 2021 (19,6%) e um pouco maior que o percentual de 2020 (17,3%).
As viagens na categoria Outro foram 8,4% das viagens em 2023, percentual menor que em 2020 (11%) e em 2021, quando 9,3% das viagens tiveram esse motivo. Essa categoria abrange motivos como compras pessoais, curso, estudo ou congresso pessoal, religião ou peregrinação, bem-estar, entre outros.
Por que os brasileiros não viajam?
Em 2023, dos 62,1 milhões de domicílios em que não houve viagem, o motivo foi falta de dinheiro em 24,9 milhões (40,1%). Em 11 milhões, as pessoas alegaram falta de tempo (17,8%) e, em 11,8 milhões de lares (19,1%), os residentes não viram necessidade de haver viagem.
A pesquisa revelou, ainda, que em 62,1 milhões de domicílios não houve viagem. Se por um lado houve desinteresse, falta de necessidade ou outro motivo para os moradores de 19,4 milhões de domicílios, por outro, a demanda por viagens nos outros 42,7 milhões de domicílios foi reprimida pela falta de dinheiro, tempo, saúde ou por terem outra prioridade.
Relação entre renda per capita e ocorrência de viagens
Em 2023, dos 77,4 milhões de domicílios estimados no Brasil, 22% possuíam rendimento mensal domiciliar per capita inferior à metade do salário mínimo. No entanto, entre as residências em que houve ocorrência de viagem de algum morador, 12,9% pertenciam ao grupo de rendimento mais baixo.
Já o grupo de domicílios com rendimento per capita de quatro ou mais salários mínimos, eram 7,1% do total de domicílios e 16,4% dos domicílios em que houve ocorrência de viagem. Os domicílios com rendimento de dois a menos de quatro salários mínimos eram 13,2% do total e representaram 20,7% dos domicílios em que houve viagem de algum morador.
O estudo mostra que o percentual de ocorrência de viagem foi diretamente proporcional ao rendimento domiciliar per capita.
Em 2023, o salário mínimo era de R$ 1.302. Em maio, o governo federal reajustou o valor para 1.320.
Segundo o IBGE, 46% dos domicílios com rendimento per capita de quatro ou mais salários mínimos teve ocorrência de viagem de algum morador, sendo o grupo de maior incidência.
Por outro lado, a taxa de ocorrência de viagem nos domicílios com rendimento domiciliar per capita menor que ½ salário mínimo foi de 11,6%, indicando que, apesar da melhora em relação aos outros anos da pesquisa, em quase 90% dos domicílios nesta faixa de rendimento per capita, não houve ocorrência de viagem.