PF mira organização suspeita de vender R$ 180 milhões em créditos de carbono
Agentes cumprem cinco mandados de prisão e 76 de busca e apreensão em seis estados
Cidades|Do R7
A PF (Polícia Federal) deflagrou uma operação para desarticular uma organização criminosa suspeita de vender cerca de R$ 180 milhões em créditos de carbono de áreas da União invadidas ilegalmente. Os títulos são certificados que atestam que uma pessoa ou empresa reduziu a emissão de gases do efeito estufa. Ao todos, os agentes cumprem cinco mandados de prisão preventiva e 76 mandados de busca e apreensão, nos estados de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Ceará e São Paulo (veja imagens abaixo).
Veja mais
As investigações revelaram que o esquema criminoso acontecia por mais de uma década e foi iniciado em Lábrea (AM). As atividades se concentravam na duplicação e falsificação de títulos de propriedade. “Essas fraudes resultaram na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas”, explicou a PF.
Os policiais federais também cumprem ainda 108 medidas cautelares, oito suspensões do exercício de função pública, quatro suspensões de registro profissional no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e sete bloqueios de emissão de DOF (Documento de Origem Florestal), bem como o sequestro de R$ 1,6 bilhão.
Os investigadores acreditam que o esquema expandiu sua área de atuação entre 2016 e 2018, com a inserção de dados falsos no SIGEF (Sistema de Gestão Fundiária). Para isso, a PF acredita que o grupo contava a colaboração de servidores públicos e responsáveis técnicos.
Já nos últimos três anos, uma nova expansão das atividades correu nas regiões de Apuí (AM) e Nova Aripuanã (AM). “As irregularidades identificadas incluem a emissão de certidões ideologicamente falsas por servidor da SECT-AM (Secretaria de Terras do Estado do Amazonas), a sobreposição de registros e a apropriação indevida de terras públicas”, ressaltou.
Entre as atividades ilegais conectadas ao grupo, estão exploração florestal e a pecuária em áreas protegidas, incluindo a criação de gado “fantasma” para atender áreas com restrições ambientais, a venda de créditos virtuais de madeira e a obtenção de licenças ambientais fraudulentas.